"Sempre fomos livres nas profundezas de nosso coração, totalmente livres, homens e mulheres.
Fomos escravos no mundo externo, mas homens e mulheres livres em nossa alma e espírito."
Maharal de Praga (1525-1609)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

NÃO SENTIR NADA É DESRESPEITO


Fotomontagem feita por mamãe para um cartão de Natal para a Vó Mundica - mãe de papai - , em 1963.

Já se passaram 30 dia no falecimento de mamão Ruth. Para muitos a vida continua normal – e precisa continuar, – para outros, nem tanto. Para uns poucos a vida não será a mesma.

A lei diz que em caso de luto, oito dias são o direito do empregado.

Caraca! Mas o que sabe a lei de sentimentos? O que sabe as lei da dor da perda? O que sabe a lei a não ser punir caso seus caprichos não sejam cumpridos?

Já voltei ao trabalho mas por dentro sem a menor vontade de ter voltado. E só voltei por compromissos com o bem estar da família. O salário que recebo com Ouvidor Geral do Município de Itacoatiara-AM, me garante uma certa estabilidade.

Já abandonei tudo antes. Já chutei tudo pro alto, já mandei tudo às favas, e nunca me faltou nada. Na situação de agora, ainda não fiz por lembrar dos conselhos de mamãe, “... calma paciência, tudo a seu tempo...”.

Mas ninguém pode me dizer que já chega sentir falta de minha mãe!
Ninguém pode me dizer que o luta já passou!
Ninguém pode tentar me fazer não sentir nada em relação ao que aconteceu.

Afinal de contas:

Sentir falta dela, mostra a importância da pessoa que DEUS levou para SI.
Sentir falta de Dona Ruth, garante que sem ela os dias são menos alegres.
Sentir falta dela me garante a lucidez que preciso pra sobreviver a dor e viver o evangelho do SENHOR JESUS CRISTO da forma como meus pais me ensinaram.
Sentir falta de minha mãe diz pra mim que ela é mais importante que eu, em meus todos devaneios juvenis acreditava e ela era.

Só sabe o que estou sentindo quem já perdeu sua mãe.

Mesmo que tentemos viver igual antes, não dá.

Mesmo que busquemos viver normalmente, não podemos.

Mas a vida continua.

Mamãe Ruth perdeu sua mãe, a vó Joana na década de 70, depois perdeu seu pai na década de 80. sofreu pra caramba, mas não parou de viver o evangelho.

Mas teve seu tempo de desespero, de falta, de angustia, de dor, de luto, de revolta, de tudo que lhe era permitido ou não – pelas convenções humanas religiosas. Ela sentiu tudo depois emergiu mais forte, mais lúcida, mais convicta de sua missão, mais mãe.

Estou vivendo o meu tempo de luto, de angustia, de perda.

Minha lucidez tem voltado aos poucos. “Tico” já está fazendo as pazes com “Teco”. Isso é bom.

Depois que isso tudo passar espero emergir um melhor ser humano.