"Sempre fomos livres nas profundezas de nosso coração, totalmente livres, homens e mulheres.
Fomos escravos no mundo externo, mas homens e mulheres livres em nossa alma e espírito."
Maharal de Praga (1525-1609)

quinta-feira, 14 de julho de 2016

ELE SENTOU-SE AO MEU LADO...

Ontem à noite SENHOR sentou-se ao meu lado. Não estava vestido de roupas limpas e nem cheirava bem. Ele carregava o odor forte da humanidade: álcool e suor. Seus dentes não eram bonitos e sua voz era grave e estridente; falava alto e cantava inoportunamente.

Com tantos lugares para sentar, escolheu sentar ao meu lado.

Eu iria falar sobre algo que tinha a ver com o amor; a fala de DEUS aos homens. Amor a ELE e aos próximos de mim. Com tantos lugares para ELE sentar, escolheu sentar ao meu lado.

“EU sempre passo aqui e está fechado, mas hoje está aberto e eu entrei”, disse ele ao meu ouvido. “EU construí isso sozinho, com as minhas mãos”, continuou.

Pedro começou a tocar “Paciência” do Lenine e ELE disse com sua voz alta e bêbada “EU canto por você”.

...e eu feito um leso tocava nas roubas sujas e mal cheirosas, tentando fazer com que ELE se aquietasse ao meu lado...

ELE dizia, “EU tou calmo, EU sei o que estou fazendo”, falou, colocando suas mãos ásperas sobre minha cocha, batendo levemente.

No meio da música, fui tomado por sensação indescritível (...), fechei os olhos para gravar em mim aquele momento e ouvi dentro de mim – como se meu corpo fosse uma sala vazia onde a voz reverberou facilmente – “vocês fazem pra mim, quando fazem a si mesmos, me amam quando amam a si mesmos”.

Era ELE ao meu lado, vestido de ser humano, a real imagem do que somos (...), ou de como estamos.
(...)

Depois levantou-se aceitando o convite para estar com os outros preocupados com sua presença desconcertante. Esses de bom coração, deram-lhe café, um lugar para tomar banho, roupas limpas e o dono da casa o levou até a Grande Circular. Lá ficou.

Para muitos, aquele homem era só um homem, mas pra mim era o SENHOR, e ELE sentou-se ao meu lado...

Seu nome era DANIEL, comumente conhecido como o DEUS que JULGA; mas também É o DEUS QUE RECOLHE O QUE FICOU PELO CAMINHO E DEVOLVE AOS CAMINHANTES. Tanto uma definição quanto a outra, hoje, 10 de julho, para mim não faz diferença nenhuma, pois para mim, AQUELE que sentou-se ao meu lado É o SENHOR, julgou meu coração e me devolveu o que deixei cair pelo caminho, nessa caminhada viva de vida.

As consequências desse encontro só o tempo vai me dizer.

Só sei que hoje eu acordei assim, com o choro na beira do olho, só de lembrar daquele encontro.