"Sempre fomos livres nas profundezas de nosso coração, totalmente livres, homens e mulheres.
Fomos escravos no mundo externo, mas homens e mulheres livres em nossa alma e espírito."
Maharal de Praga (1525-1609)

sábado, 10 de janeiro de 2015

PENSANDO MELHOR... ERA TERRORISMO TAMBÉM.



A Pouco comentei um post do amigo pastor Luiz Sayão, que mostrava a verdadeira razão da “intolerância” religiosa que motivou os ataques na França, nesta semana. Quase todas as ilustrações do jornal aterrorizado e dos cartunistas assassinados, são infames. Uma delas mostra um coito anal entre Maomé e Jesus e entre uma ilustração do Todo Poderoso. INFAME O DESENHO. Desrespeitoso ao extremo, horrenda ilustração, sem qualificação (...). Se eu fosse um fanático também mataria (...). Mas não sou e não mato por religião, por política, por futebol. Posso cometer um crime de lesa para defender a quem amo, minha família, meus amigos chegados, para defender minha própria vida. QUE FIQUE CLARO: NÃO APOIO ATOS TERRORISTAS OCORRIDOS NA FRANÇA OU EM QUALQUER OUTRO LUGAR.

MAS TAMBÉM NÃO APOIO DESENHAR “JESUS” COMENDO O RABO DE “MAOMÉ”. Isso é um desrespeito sem igual.

Identificar o que é LIBERDADE é tarefa de todo ser humano que deseja viver em paz aqui nesse plano terrestre; identificar os elementos da LIBERDADE é da mesma forma primordial. Dois dos ingredientes da LIBERDADE são o LIMITE e a TOLERÂNCIA.

Daqui por diante, sempre que se defrontar com qualquer ato de terrorismo contra a LIBERDADE, gostaria que você se perguntasse:

1) HAVIA LIMITE NO EXERCÍCIO DA LIBERDADE?
2) HAVIA TOLERÂNCIA NO EXERCÍCIO DA LIBERDADE?

Se não existir LIMITE e TOLERÂNCIA no exercício de qualquer LIBERDADE, seja de imprensa ou de expressão, não é liberdade; é outra coisa, menos liberdade.

Liberdade é fruto de SABEDORIA e esta sabedoria só é conquistada quando se tem MEDO DE DEUS. Sem TEMOR a DEUS, não há SABEDORIA. Não há, porque entramos no caminho do “TUDO POSSO...”. Pode não!

NINGUÉM PODE USAR SUA LIBERDADE PARA INVADIR A VIDA DO OUTRO;
NINGUÉM PODE USAR SUA LIBERDADE PARA DESRESPEITAR O OUTRO;
NINGUÉM PODE USAR SUA LIBERDADE PARA ATACAR HONRA, CREDO E PREFERÊNCIAS INDIVIDUAIS DO OUTRO.

Sem LIMITE e TOLERÂNCIARESPEITONÃO HÁ LIBERDADE. HÁ TERRORISMO!

Pensem nisso.

Eu estou pensando e não é pouco.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

LIÇÕES QUE MAMÃE RUTH DEIXOU.
“NÃO PERGUNTE: POR QUE?;
PERGUNTE: PARA QUE”.

Palestra ministrada por Mama Ruth em 27 de novembro de 2010. A última.

Hoje, 1º de janeiro, faz quatro anos que Mama Ruth partiu. Acredito que só quem realmente vive a ausência de um ser tão importante como o SER MÃE, pode saber do que falo, e quiçá, do que sinto. De forma alguma gosto de viver na sofreguidão de uma saudade, mesmo que seja a saudade de mamãe, mas é impossível, dela não lembrar com saudade e com um profundo desejo de que estivesse por perto – em vida – para me ajudar a entender algumas facetas da existência. Não sei se me engano – por vontade própria ou por falta de observação apurada – mas muitos dos que conviveram com mamãe, mesmo os parentes mais próximos, introgetaram certas características de mamãe em seus modus vivendi. Porém minha percepção sobre aquela grande mulher de pequena estatura, de gestos leves porém fortes e enérgicos, de semblante angelical mas estupidamente vibrante, é outra. Nos últimos anos de vida de mamãe passei percebê-la como um córrego de água, que contorna com muita facilidade qualquer obstáculo, para chegar ao seu objetivo. Ela já não perdia tempo com o que julgava ser “perda de tempo”. Certas coisas já não lhe prendiam a atenção. Ela estava livre de tudo e de todos. Tão livre que partiu na hora que não queria partir, mas na hora que o ETERNO nosso DEUS a chamou (...) e ela foi. Foi mas deixou muitos ensinos.

Um dos mais interessantes se resume na frase-título deste artigo. Quando alguns de nós chegávamos para pedir conselhos, Mama Ruth nos dizia: “... não pergunte: por que?; pergunte: para que?”. A sabedoria desse conselho da Dona Ruth, ficou – para mim – no campo da admiração catatônica. Isso porque é difícil saber perguntar “para que. Mas acredito ter encontrado em uma historieta de origem chinesa a explicação para essa máxima tão sábia que Mama Ruth alardeava por onde quer que fosse, para quem quer que lhe perguntasse: “... por que isso me acontece?”. Conta essa parábola que:

“Um homem possuía um belo cavalo cobiçado pelo vilarejo onde morava. Ofereceram-lhe uma boa soma para comprá-lo. Ele não aceitou. Passados alguns dias, o cavalo fugiu de seu cercado e desapareceu. Os vizinhos comentaram com o homem: ‘Teria sido melhor vendê-lo!’ O homem reagiu dizendo: ‘Pode ser que sim, pode ser que não.

Certa noite, o cavalo retornou e, como havia se tornado líder de uma manada selvagem, com ele vieram também duas dezenas de outros cavalos. Os vizinhos comentaram: ‘Você fez bem em não vendê-lo!’ Ao que homem respondeu: ‘Pode ser que sim, pode ser que não.’

Certo dia, o filho deste homem foi montar o dito cavalo. Caiu, fraturou a bacia e ficou por mais de seis meses em repouso absoluto. Os vizinhos comentaram: ‘Teria sido melhor vender o cavalo!’ O homem retrucou: ‘Pode ser que sim, pode ser que não!

Nas semanas seguintes ao acidente do filho, eclodiu uma guerra na região e todos os jovens foram convocados com exceção do filho daquele homem, que estava se restabelecendo de suas fraturas. Dessa guerra sangrenta, poucos retornaram com vida e raros foram os que não tiveram alguma sequela física dos ferimentos. Os vizinhos comentaram: ‘Você fez bem em não vender o cavalo!’ Ao que o homem respondeu: ‘Pode ser que sim, pode ser que não!’

O perguntar: “para que isso me acontece?”, é dirigido não a DEUS, ou ao agente causador do desconforto sofrido, mas a nós mesmos. “Para que?” possui a mesma sabedoria do “pode ser que sim, pode ser que não” que a afirmação do homem da parábola chinesa. Ter a coragem de perguntar “para que?” nos coloca como agentes do acontecido, e não como meros espectadores sôfregos (...). Perguntar “para que?” é saber que temos nossa parcela de participação na tragédia que sofremos. Perguntar “para que?” é saber que “toda moeda tem dois lados”, e se tem, uma hora entenderemos os “por quês” dos acontecimentos que nos causam uma aparente desolação.

Pergunte-se. O que teria acontecido com o filho do fazendeiro chinês, se ele tivesse vendido aquele cavalo na primeira oportunidade que apareceu? Eliminando as tragédias, logo diríamos que o rapaz não teria sofrido aquele acidente que o imobilizou por meses, alojando-o sobre um leito, e com certeza com dores terríveis – para si e para seus pais. Porém, foi exatamente aquela tragédia que evitou que aquele rapaz fosse alistado para a guerra, onde muitos de seus amigos fatalmente perderam a vida. Todo acontecimento em nossa vida precisa ser visto como: “pode ser que sim, pode ser que não”.

Em seu livro “Fronteiras da Inteligência” o rabino Nilton Bonder, comenta da parábola chinesa que:

“Tudo que ele fez com o cavalo foi tomar a decisão de não vendê-lo. A ideia de que existe uma decisão correta que vai, no final da história, mostrar-se a mais vantajosa é parte da ilusão e do desejo de controle.” [1]

Quando assumimos com coragem a pergunta “para que ‘isso’ me acontece?”, estamos na verdade dizendo a nós mesmos: “por que essa tragédia não pode acontecer comigo?”; “por que isso só pode acontecer com os outros?”; “o que me faz tão especial para que eu mesmo não seja capaz de ter provocado esse acontecimento para mim mesmo?”. Quando com honestidade, perguntamos “para que?”, quando com sinceridade, dizemos “pode ser que sim, pode ser que não”, diante dos acontecimentos naturais da existência, assumimos que não somos o centro do universo, reconhecemos que fazemos parte de um grande evento chamado vida.

O rabino Bonder finaliza:

“‘Por que não?’ nos libera do destino traçado por acertos e erros do passado e abre a possibilidade de ser o presente o determinador da experiência. ‘Por que não?’ não é a ausência de propósito, mas é o propósito espiritual – o propósito da penumbra e não o da claridade. Sua vantagem está em nos liberar para lutar pelo presente e pelo futuro, em vez de fazer com que nos percamos no imobilismo de ‘entender’ o passado.”

Acredito que era essa a lição que Mama Ruth queria passar quando nos dizia:
“Não pergunte: por que?; pergunte: para que?”.
“Por que?”
“Para que você entenda que a única pessoa responsável pelo que lhe acontece de bom ou de ruim é você mesmo. Seja livre para aprender, meu irmão, seja livre...”

Pelo menos foi isso que – agora – entendi.


Feliz ano de 2015.

No MESSIAS que nunca pergunta o “por que?” de nenhum dos meus pecados – ELE os sabe; mas simplesmente diz, todos os dias: “teus pecados estão perdoados...”.

Mas, “Para que” o ETERNO nos permite cometer – muitas vezes os mesmos – pecados?
PARA QUE tenhamos a certeza – muitas vezes dolorida – de que nada somos sem o SEU perdão.



LOUVADO SEJA ELE.