"Sempre fomos livres nas profundezas de nosso coração, totalmente livres, homens e mulheres.
Fomos escravos no mundo externo, mas homens e mulheres livres em nossa alma e espírito."
Maharal de Praga (1525-1609)

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Voto livre: quando os golpistas tremem.



Os partidos “de esquerda”, se queixam de estar sofrendo um golpe por parte da “direita”, quando tiveram seus sonhos totalitários barrados – pelo menos por enquanto. Agora a “direita” golpista também reclama pelo mesmo motivo, quando alguns, menos desesperados pelo poder – acho que por medo da responsabilidade que ele carrega – buscam uma solução para a disputa entre golpistas, nas sábias mãos do povo. Dono absoluto do Poder, segundo CF.

O “modus esperniandi” das alas golpistas tanto do PT quando do PMDB e apoiadores, é flagrante. Eles não querem Eleições Diretas para Presidência da República. Os motivos são diversos: a) nenhum dos dois partidos possui credibilidade para eleger um presidente; b) ambos estão enrolados nos crimes investigados pela Lava Jato; (...), z) não há tempo para “mudar o desejo popular” do pleito em um ambiente sistêmico próprio às eleições municipais, principalmente com as novas regras (...).
(...)
Porém, o medo real desses golpistas de plantão, que estão à quase 30 anos no poder por meio de conchavos, apoios espúrios, compra e venda de partidos e votos, proteção e puxada de tapete, vem da verdadeira e plena participação popular. ELES NÃO QUEREM DAR AO POVO LIBERDADE DE NÃO VOTAR!
(...)
A CF ainda guarda os resquícios do autoritarismo proveniente do golpe militar e obriga aos brasileiros votar e alistar-se nas forças armadas (...):

“Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.”
(grifos meus)
(...)
Em minha modesta e empírica análise, é aqui, neste artigo da CF, que se originam grande parte dos problemas concernentes a falta de qualidade da classe política brasileira. A obrigação do voto tira o direito; a obrigação do voto abre caminho para a compra do voto“já que tenho de votar mesmo, que pelo menos receba para isso”.
(...)
Até agora, nesses poucos anos de governo civil, o Poder Legislativo e o Poder Executivo não nos libertaram da escravidão do voto e do serviço militar. O motivo, para mim é simples: querem continuar praticando atos de corrupção contra o povo.
(...)

O voto livre de um povo livre é o terror de todo golpista, seja ele destro ou canhoto.

domingo, 10 de abril de 2016

Parte da lista de envolvidos no desvio com dinheiro público, segundo delação da Andrades Gutierrez

(REVISTAS) - MAIS UM LISTÃO
12/03/2016 18:01:00 REVISTAS VEJA
Autor: ROBSON BONIN
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Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, acusou Ricardo Berzoini, ministro da coordenação política, de negociar propina em obras federais. E disse que Edinho Silva, da Comunicação Social, pediu dinheiro para a campanha de 2014 e foi informado sobre (...)

Das grandes empreiteiras envolvidas no escândalo de corrupção na Petrobras, a Andrade Gutierrez foi a primeira a decidir contar seus segredos.

Durante quase uma década, Otávio Azevedo presidiu o que é hoje um vasto conglomerado, expandiu seus negócios para a área de energia, saneamento, transportes e tecnologia, e passou a atuar em quatro continentes — crescimento combinado com as boas relações que sempre manteve com o poder, especialmente a partir de 2003, quando Lula chegou ao governo.

Preso e acusado de pagar propina a políticos envolvidos no escândalo do petrolão, Otávio Azevedo assinou um acordo de delação premiada com a Justiça. Em troca da liberdade, comprometeu-se a contar detalhes da relação simbiótica que, por mais de uma década, transformou políticos em corruptos e empresários em corruptores. As revelações do executivo fornecem evidências que não deixam dúvidas sobre a natureza dos governos de Lula e Dilma Rousseff. Ambos tinham na corrupção um pilar de sustentação.

Em sua confissão, Otávio Azevedo contou que pagar propina por obras no governo petista era regra em qualquer setor — e não uma anomalia apenas da Petrobras. Nos depoimentos prestados pelo empreiteiro aos investigadores da Procuradoria-Geral da República são descritas transações associadas ao nome de alguns dos políticos mais influentes do país. Combinados a um calhamaço de demonstrativos bancários, minutas de contratos e registros de reuniões secretas, os relatos produzem um acervo sobre o grau de contaminação dos governos petistas. Estão envolvidos ministros, ex-ministros, ex-governadores e parlamentares de múltiplos quilates.

Eles negociaram pagamentos milionários de propina com a empreiteira e, com isso, vilipendiaram o mais sagrado dos rituais em uma democracia: o processo eleitoral.

A lista de Otávio Azevedo deixa em péssima luz tanto o ex-presidente Lula quanto a presidente Dilma Rousseff. Todos os comprometidos nas maquinações narradas pelo empreiteiro são figuras presentes na intimidade do ex e da atual mandatária do Planalto.

No governo Lula, segundo ele, cobrava-se propina de 1% a 5% das empreiteiras interessadas em participar dos consórcios que executavam as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O negociador do pacote de corrupção, de acordo com o empreiteiro, era Ricardo Berzoini, atual ministro da coordenação política.

O executivo contou que, certa vez, a cúpula da Andrade Gutierrez foi procurada por Berzoini, que se apresentou como representante do PT para resolver pendengas financeiras. Em outras palavras, o petista era o encarregado de acertar o recebimento de "comissões" por contratos no governo. O ministro, durante bom tempo, foi responsável pela administração da "conta corrente" das obras de Angra 3 e da hidrelétrica de Belo Monte.

O setor elétrico, como a Lava-Jato já descobriu, era um dos grandes vertedores de dinheiro sujo para os cofres do PT. As empreiteiras eram achacadas em todas as fases, e por personagens distintos. Berzoini cobrava depois de assinados os contratos. Antes disso, ainda na fase de estudos, apareciam outros figurões do partido para "ajudar" nas negociações.

Segundo o empreiteiro, Erenice Guerra, ex-chefe da Casa Civil de Lula e braço-direito de Dilma, e Antonio Palocci, ex-chefe da Casa Civil de Dilma e braço direito de Lula, auxiliavam as empreiteiras na formação dos consórcios que mais tarde executariam as obras. Cobravam 1% de propina pelo serviço. Só depois disso os projetos destravavam, os preços ficavam dentro do que as empreiteiras queriam e todos, exceto os contribuintes, saíam ganhando.

Em janeiro passado, VEJA revelou que Otávio Azevedo havia sido alvo de uma abordagem nada republicana durante a campanha presidencial de 2014. O executivo contou que foi procurado pelo tesoureiro Edinho Silva, hoje ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, e por Giles Azevedo, ex-chefe de gabinete e atual assessor especial de Dilma. Os dois queriam dinheiro, mais dinheiro, 100 milhões a mais do que a quantia que a empreiteira havia combinado "doar" à campanha.

Da negociação, sabe-se agora, surge uma evidência mais grave. Para explicar que não podia atender ao pedido, Azevedo explicou que os "acertos" da Petrobras já haviam sido repassados. O tesoureiro e o assessor disseram que isso era outra coisa. Ou seja, Edinho e Giles, ao menos naquele instante, foram informados sobre a existência de repasses oriundos do petrolão. Não se surpreenderam ou não se interessaram.

Como a pressão continuou, a Andrade "doou" mais 10 milhões à campanha petista. A roubalheira não poupou as obras dos estádios para a Copa de 2014. Em sua lista, Azevedo incluiu como beneficiários de propinas cinco ex-governadores de estados que sediaram o Mundial. Todos embolsaram "comissões" para favorecer a empreiteira na construção das arenas e na realização de outras obras relacionadas à Copa.

Otávio Azevedo admite o pagamento de propina aos ex-governadores do Distrito Federal José Roberto Arruda (então no DEM) e Agnelo Queiroz (PT), responsáveis pelas obras do Estádio Nacional Mané Garrincha, um monumento ao superfaturamento que custou quase 2 bilhões de reais. Ele também disse ter pago propina a Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, a Eduardo Braga (PMDB), ex-governador do Amazonas e atual ministro de Minas e Energia, e a Ornar Aziz (PSD), hoje senador.

Otávio Azevedo foi transferido para prisão domiciliar após entregar a lista de seus "clientes" famosos. A empreiteira também aceitou pagar uma multa de 1 bilhão de reais.

Criticados no início da Lava-Jato, os acordos de delação foram, sem dúvida, fundamentais para o sucesso das investigações. Através deles, quebraram-se pactos de silêncio, localizaram-se contas secretas no exterior, figurões e figurinhas foram parar na cadeia. Em busca da liberdade ou da redução da pena, outros envolvidos entraram na fila para contar o que sabem. Na semana passada, advogados da Odebrecht e da OAS estiveram em Curitiba conversando com o Ministério Público sobre a possibilidade de seus clientes serem admitidos no programa. Marcelo Odebrecht está condenado a dezenove anos e quatro meses de prisão. Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, a dezesseis anos e quatro meses. Além deles, buscam o acordo o marqueteiro João Santana, que recebeu dinheiro sujo como pagamento de serviços eleitorais a campanhas do PT, o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula e envolvido até o pescoço no petrolão, e o senador petista Delcídio do Amaral.

Não será uma negociação fácil: o esquema de corrupção na Petrobras está praticamente todo desvendado. Falta apenas confirmar quem era o chefe, o mandante. Ou seja, os benefícios serão concedidos a quem ajudar os procuradores a chegar lá.

Todos os investigados têm informações que podem levar ao topo da cadeia de comando. A dúvida é saber quem vai tomar a iniciativa de falar primeiro. O senador Delcídio está na frente. Preso em novembro do ano passado por atrapalhar as investigações, ele revelou que tanto Dilma quanto Lula sabiam e se beneficiaram do petrolão. O petista narrou detalhes de negócios fraudulentos realizados pelo PT na China e em Angola, também citando os ex-ministros Antonio Palocci e Erenice Guerra. Elencou, ainda, dezenas de políticos que receberam dinheiro de corrupção — incluindo, de novo, o presidente do Congresso, Renan Calheiros, e os peemedebistas Romero Jucá, Jader Barbalho e Eunício Oliveira — e até um representante da oposição, no caso, o senador tucano Aécio Neves.

Por fim, acrescentou uma nova história de extorsão ao currículo do ministro Edinho Silva. O então tesoureiro de Dilma, de acordo com o senador petista, repetiu os métodos denunciados pela Andrade para arrancar dinheiro do laboratório EMS na campanha presidencial. Se tudo for verdade, faltará mesmo muito pouco para ser contado.
A LISTA
Em sua delação premiada, o ex-presidente da Andrade Gutierrez envolve ex-governadores, senadores, ministros e ex-ministros dos governos Lula e Dilma em esquemas de recebimento de propinas Ricardo Berzoini.

Durante o governo Lula, o ministro reuniu-se com executivos da Andrade para exigir o pagamento de propinas ao PT. Recebia pixulecos por contratos da Petrobras e nas obras de Angra 3 e Belo Monte. O porcentual girava entre 2% e 5%;

Edinho SilvaTesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014, o ministro reuniu-se com dois executivos da Andrade para cobrar doações durante as eleições. Tinha conhecimento de que o dinheiro que financiou a campanha de Dilma era oriundo do pagamento de propina do petrolão e de outras obras públicas;

Giles AzevedoAssessor especial da presidente Dilma, tinha conhecimento de que o dinheiro que financiou a campanha de 2014 era proveniente do pagamento de propina do petrolão e de outras obras públicas. Estava com Edinho Silva na conversa em que executivos da Andrade trataram abertamente de propina repassada à campanha petista;

Sérgio Cabral – O ex-governador do Rio recebeu propina da Andrade Gutierrez por negócios na Petrobras e por contratos das obras da Copa de 2014;

Eduardo Braga – O ministro e ex-governador do Amazonas recebeu propina da Andrade Gutierrez por contratos das obras da Copa de 2014 em Manaus;

Omar AzizSenador e ex-governador do Amazonas, recebeu propina da Andrade Gutierrez por contratos das obras da Copa de 2014 em Manaus;

Edison LobãoEx-ministro de Minas e Energia e atual senador, recebeu propina em contratos do petrolão e do setor elétrico;

Romero Jucá – O senador recebeu propina em contratos do setor elétrico;

Edison Lobão Filho – O ex-senador recebeu propina em contratos do setor elétrico;

Renan Calheiros – O presidente do Congresso recebeu propina em contratos do setor elétrico;

Agnelo Queiroz – O ex-governador do Distrito Federal recebeu propina da Andrade por contratos das obras da Copa de 2014 em Brasília;

José Roberto Arruda – Também ex-governador do Distrito Federal, recebeu propina da Andrade por contratos das obras da Copa de 2014 em Brasília;

Erenice GuerraEx-chefe da Casa Civil do governo Lula, participou da operação que resultou no pagamento de 1% de propina ao PT na obra de Belo Monte;


Antonio PalocciEx-ministro e coordenador da campanha de Dilma, em reunião com executivos da Andrade exigiu do consórcio de Belo Monte o pagamento de 1% do valor da obra em propinas ao PT