"Sempre fomos livres nas profundezas de nosso coração, totalmente livres, homens e mulheres.
Fomos escravos no mundo externo, mas homens e mulheres livres em nossa alma e espírito."
Maharal de Praga (1525-1609)

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A estranha incompetência de viver em liberdade...

É mesmo estranho, ver como a maioria das pessoas – principalmente as religiosas – não sabem viver em liberdade; precisam de uma prisão, um cabresto para poderem andar na linha. Não estou falando de deslizes naturais ao ser humano, estou falando do descontrole de algumas pessoas – religiosas – quando se sentem livres “para”, isso ou “para” aquilo. Seria cômico, se não fosse ridículo.

A liberdade que a maioria de nós conhece é extremista; ou é libertina ou é repressiva. Liberdade sem responsabilidade vira libertinagem; liberdade sem liberalidade vira comportamento repressivo – crítico ao extremo. Nenhum dos dois comportamentos está correto; Nenhum dos dois comportamento mostra realmente que seu autor está verdadeiramente livre.

Senso de liberdade só vem com a maturidade, com o amadurecimento das virtudes que compões o ato de ser e estar livre.

Quando estamos livres dentro de uma moral frouxa e de uma espiritualidade vazia, as sensualidades são comuns, as conversas picantes são naturais, as sacanagens são permissivas, e – perdoem os puristas – as putarias, inevitáveis. O crítico disso tudo é quando não nos percebemos libertinos (...). Por outro lado, o covarde, aquele que tem medo que sua liberdade – ou a liberdade dos outros – se transforme em libertinagem, acaba se tornando um repressivo, um neurótico, uma pessoa que – talvez – por ser potencialmente libertino tem a necessidade de rotular a todos como depravados. Crítica também a situação desses, quando não se percebem repressivos – justicistas, como diria Caio Fábio.

Particularmente, acredito que as pessoas à direita da verdadeira liberdade precisam ter a coragem de olhar para si mesmas no espelho dos seus instintos e assumir que precisam ser mais equilibradas e tolerantes e acima de tudo, não julgarem seus semelhantes. E aos à esquerda da verdadeira liberdade, da mesma forma, olhando, ouvindo, relendo seus “atos”, percebam que estão no limiar do ridículo e distantes de uma nova vida (...).

O ser humano verdadeiramente livre, pode dizer como o Apóstolo Paulo: “sou livre para fazer tudo o que desejar, mas também sou livre para não fazer tudo que desejo, quando não me convém...” (I Coríntios 6:12).

Termino essa rápida reflexão pedindo que você, conservador, livre ou libertino: perca o medo de si mesmo e admita que todos somos iguais, apenas estamos em estágios diferentes do caminho.


Lembre-se: há uma diferença muito grande entre conhecer o caminho e andar no caminho.