A SABEDORIA Judaica afirma que é
impossível sabermos o significado da família sem as tragédias que se originam
dela e a envolvem. Como num ciclo interminável de benção e tragédia, uma sempre
sucedendo a outra até que o mundo se acabe; Famílias nunca acabarão (...).
As tragédias que envolvem a
família, são originadas nelas, quando do afastamento dos filhos para construírem
suas próprias famílias. As tragédias seguem as famílias nos momentos obviamente
trágicos ou de simples necessidades. Mas sobretudo as tragédias sucumbem diante
da força da família. A tragédia que é originada pela família, também é
eliminada por ela.
A cada dia que passa fico mais
ciente – sem nenhuma religiosidade – que a Palavra de Deus nunca erra e
me assusta ver como os ditos Divinos se mostram claramente diante de todos, mas
muitos nem se apercebem disso. Uma das profecias que mais me têm chamado a atenção
está em Mateus 24:12:
“E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.”
O termo iniquidade é comumente
entendido por erro, pecado, desvio; mas ele é na verdade a
prática da desigualdade. Quem pratica a iniquidade é o iniquo,
que por sua vez é a pessoa que não respeita as diferenças, que insiste em ser
diferente, superior, que aplica e pratica a desigualdade como modus vivendi.
Nos dias de hoje, a equidade pode ser fantasticamente explicada por ser o “sentimento
de justiça avesso a um critério de julgamento ou tratamento rigoroso e
estritamente legal.”
É desse viés, “sentimento
avesso”, que vem a pergunta: pra que serve a família?
Para que serve, senão para
socorrer sem questionar o motivo do socorro?
Para que serve, senão para
amparar não importando o motivo do tombo?
Para que serve, senão para
levantar sem querer saber o motivo da queda?
Para que serve, senão para manter
a igualdade entre seus fraternos, a todo custo, a toda hora, em todo momento,
em todo lugar?
Para que serve a família, em sua
opinião?
A profecia de Jesus responsabiliza
frontalmente a família pela manutenção da igualdade no mundo. Sendo a célula
matriz de todas as sociedades no universo conhecido, a igualdade dentro da
célula familiar também se torna matriz para um mundo menos desigual.
Porém, uma enfermidade tem corroído
a família. O justicismo. Esse neologismo foi cunhado para
diferenciar Justiça com o sentimento avesso da justiça. Quando a desigualdade
se instala dentro do seio familiar, os justicismos são
constantes, a prática de julgar os outros tendo a si mesmo como parâmetro
corrói as relações familiares e as destrói. Ninguém se preocupa com mais
ninguém. As dificuldades do ente fraterno são vistas como fracasso, pois quem
observa aquela dificuldade, a julga como sendo fruto de fracasso, de
irresponsabilidade, entre tantos outros julgamentos. Inevitavelmente, quem
padece é um fracassado. Nesse momento, os julgamentos já iniciados descem
ladeira a baixo e todos esquecem os alertas de Jesus quanto ao “furúnculo”
da desigualdade.
Por outro lado, os enfermos
emocionais, também jugam-se e condenam-se pelos mesmos fatos, usando os mesmos
critérios e morrem na solidão, mendigos de afeto e de atenção. Tornam-se
amargamente prepotentes, sendo vítimas da mesma enfermidade. Quando se chega a
esse ponto – e chega-se muito facilmente – não há mais sentimento de
fraternidade, apenas orgulho e julgamento. Nesse ponto, a profecia de Jesus em
Mateus 24:12, pode ser lida:
“E por se multiplicar
o orgulho e o justicismo, o amor de muitas famílias se esfriará”
Termino esse texto transcrevendo
o capítulo sete de Mateus. Leia-o como sendo um recado para sua família; a “casa”
referida no texto, por Jesus, é a sua casa, o seu lar, a sua família.
“NÃO
julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes
sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.
E por que
reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que
está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu
olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e
então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.
Não deis
aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça
que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem.
Pedi, e
dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, aquele
que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á.
E qual de
entre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E,
pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar
boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará
bens aos que lhe pedirem? Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos
façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.
Entrai pela
porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à
perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e
apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.
Acautelai-vos,
porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas,
interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura
colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa
produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore
boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá
bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os
conhecereis.
Nem todo o
que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a
vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor,
não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em
teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca
vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.
Todo
aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei
ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; E desceu a chuva, e
correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu,
porque estava edificada sobre a rocha.
E aquele
que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem
insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; E desceu a chuva, e correram
rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua
queda.
E aconteceu
que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina; Porquanto
os ensinava como tendo autoridade; e não como os escribas.”
Boa semana.