"Sempre fomos livres nas profundezas de nosso coração, totalmente livres, homens e mulheres.
Fomos escravos no mundo externo, mas homens e mulheres livres em nossa alma e espírito."
Maharal de Praga (1525-1609)

sábado, 8 de fevereiro de 2014

SAINDO DO ARMÁRIO (...)

SAINDO DO ARMÁRIO (...)

Esse é um termo usado para designar quem deixa de ser “homem” ou “mulher” e passa a ser o que pensa que é. Estou usando esse termo de outra forma, estou tentando dizer que eu “saí do armário”. CALMA! EU SEI QUEM SOU.

O motivo desse post, é uma notícia compartilhada pelo admirado compositor Diego Venancio, que notifica, que a atriz global Cláudia Gimenes teria deixado de ser homossexual. Confesso que pra mim isso é só notícia e das menos importantes – honestamente falando. Mas não pude me furtar a escrever algumas linhas sobre o assunto, coisa que até o momento nunca havia feito, por razões bem particulares.

A questão homossexual é bastante delicada. Mal entendida, mal interpretada e mal resolvida. Na Bíblia encontramos Jesus dizendo que “à aquele que tem, lhe será dado. À aquele que não tem, até o ‘o que tem’ lhe será tirado.” (Marcos 4.25). Como seres humanos, finitos e pútridos, só “temos” a nós mesmos. Não podemos ter mais de nada a não ser o que somos. Não podemos ter bens para sempre, não podemos ter pessoas ao nosso lado pra sempre, só podemos ter para sempre, em todos os momentos, o que realmente somos. Rabi Bonder diz que “... quem tem muito de si, tem tudo.”. Essa é uma verdade da vida, da existência humana. Se não possuímos a nós mesmos, somos “possuídos” por seres estranhos a nós. Não estou falando de questões espirituais, nada disso. Esse “seres estranhos a nós”, são seres humanos, ligados a nós, muitas vezes íntimos de nós, que nos “possuem”, por perceberem que não somos quem somos, ou não sabemos quem somos.

No dito de Jesus, quem escolhe “ser algo”, diferente daquilo que realmente é, perde – deixa de ser – o que é originalmente. O apóstolo Paulo diz isso claramente logo no primeiro capítulo da carta aos Romanos: “... apesar de saberem quem Deus é, não o glorificaram como Deus, nem lhe agradeceram. Ao contrário, tornaram-se fúteis em seu pensamento; e seu coração obtuso anuviou-se. ‘Alegando ser sábios, tornaram-se tolos!’”. Esse “coração obtuso”, rude, sem fineza, por não saber que é coração, se “torna” pedra e fica “transformado” disparatado, sem rumo, sem alvo, sem objetivo. Mas a questão central é não se saber quem realmente se é. Quem tem de si, tem tudo, quem tem de si, mais de si lhe será dado. Essa afirmação é psicologicamente divina. Quando temos a nós mesmos e sabemos quem realmente somos – e quem não somos – mais sobre nós mesmos nos é revelado por Deus. Porém acreditar que Deus existe é um problema para quem não sabe quem é. Somos todos, criaturas de Deus, não importa se criados ou evoluídos, Deus é o início de tudo. Quando não sabemos quem somos, pensamos que podemos ser qualquer coisa. Homens pensam que são mulheres, mulheres pensam que são homens. Essa é a enfermidade: PENSAR QUE É, AQUILO QUE NÃO É!

Porém nesse terreno escorregadio e delicado, vejo outra “categoria” de sentimentos que mesmo na Bíblia, não foi encontrada pelos teólogos “machistas” e “feministas”. Além dos homossexuais, existem os homoafetivos. Esses, são os que nutrem sentimentos por seus congêneres, por seu semelhantes, por seus iguais. Saber-se homoafetivo não lhe impõe ser homossexual, praticar sexo com esse par igual. A relação sexual marca, estigmatiza e alguns casos até escraviza. Mas a questão é interna, íntima, pessoal, no âmago dos amantes, e isso eu não quero tratar, não tenho competência. Sou honesto.

Quem não sabe quem é, quase que invariavelmente, perde sua identidade – porque não sabe que tem uma – sexual, genérica, intelectual, moral, (...), os que “se encontram”, os que sabem quem são – mesmo que sejam biologicamente homoafetivos (não homossexuais) – ganham mais de si, e se tornam quem realmente são. Isso é milagre. “Simples assim.”

Deixar de ser “homossexual”, para mim é deixar de transar com pessoas do mesmo sexo, só isso. Não vejo qual o problema nisso. Trocar de parceiros sexuais é fato e ato comum nos dias de hoje, então porque há tanto espanto em uma pessoa que se encontra com quem realmente é, deixar de ser quem pensava ser? “tendeu, tenteu, tenteu”???

Mas a questão está distante de ser resolvida, principalmente no e pelos meios religiosos. Existe muita intolerância, muito desamor, muito desconhecimento de quem se é. Para mim, o melhor lugar para os homossexuais, e homoafetivos é fora das igrejas e dentro de si mesmos.

Se há algum homoafetivo ou homossexual lendo esse artigo, saiba. Sou pastor e sei como a maioria dos evangélicos se comporta com pessoas “diferentes” deles. Eles são assim porque não sabem quem são. Ponto.

Minha “saída do armário”, foi para escrever esse texto, sobre um tema que tem haver comigo, com minha família. Eu sei que a maioria dos homoafetivos e homossexuais são gente boa, gente de família, gente de pudor, gente de respeito. Não aceito o rótulo dos exibicionistas, que para dizerem para todos “quem são”, precisam sair metendo a língua (...) na boca dos esposas e das maridas em “praça pública”. EU SEI QUEM SOU. Sou criatura de Deus, filho de Deus, pai de família, esposo, filho de meus pais, irmão de meus irmãos, amigo de meus amigos, intercedo (quando posso) por meus inimigos e adversários. Sou gente, igual a todo mundo.


Quanto a Cláudia e tantos outros, oro para que continuem sendo quem realmente são.

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