"Sempre fomos livres nas profundezas de nosso coração, totalmente livres, homens e mulheres.
Fomos escravos no mundo externo, mas homens e mulheres livres em nossa alma e espírito."
Maharal de Praga (1525-1609)

sábado, 1 de fevereiro de 2014

UM MUNDO MELHOR

Certa vez os alunos (discípulos) de Jesus lhe dissera:

“Mande o povo embora para irem aos campos e povoados da vizinhança comprar algo para comer". Mas Jesus lhes respondeu: "Vocês mesmos devem dar a eles algo para comer!". Eles disseram: "Devemos ir e gastar muito dinheiro com pão e dá-lo para ser comido?". Jesus lhes perguntou: "Quantos pães vocês têm? Vão e verifiquem". Quando descobriram, disseram: "Cinco pães e dois peixes". Ele ordenou a todos que se sentassem em grupos sobre a grama verde. Eles se sentaram em grupos de cinquenta e de cem. Jesus pegou os cinco pães e os dois peixes e, olhando em direção ao céu, disse uma benção agradecida. A seguir, partiu-os pães e começou a dá-los aos alunos (discípulos) para serem distribuídos. Ele também dividiu os dois peixes entre todos. Todos comeram tanto quanto quiseram, e os alunos (discípulos) recolheram doze cestos cheios com pedaços de pães e peixes. O número de homens que comeram os pães era de cinco mil.” Marcos 6:36 a 44

No texto acima, Jesus propõe aos seus alunos quebrar o paradigma estabelecido pela religiosidade. A ordem do Mestre foi para que eles, os discípulos, “alimentassem” o povo, que dessem o exemplo de como eles – mais de cinco mil pessoas – deveriam se unir em torno de sua necessidade – a fome – e alimentar-se.

Olhar para “o milagre da multiplicação de pães”, somente como um milagre literal – transformar pão em pão, pão em peixe, pão em cestos – não parece ser algo saudável para o entendimento. Entender o milagre da multiplicação sem a participação do povo é fortalecer a crença – e pior, a prática – de “esperar o milagre divino, sentado”.

Mas não foi isso que Jesus fez, ele não estimulou o povo a ficar sentado, esperando a solução do seu problema, cair do céu, feito maná no deserto. Ele disse aos seus alunos que eles, os alunos, deveriam ensinar ao povo como se faz para multiplicar o que se tem para comer. Mas a mente cega não consegue ver solução além do seu próprio óbvio, e a resposta deles mostra isso, “... teremos de comprar comida para todos?”. Jesus não disse que eles deveriam comprar comida, disse que eles deveriam “dar de comer”. (...)

O “dar de comer” que Jesus se refere, tinha – e tem – haver com o alimento que vem da “boca de Deus” – como no episódio da tentação. Tinha – e tem – haver com o exemplo de partilhar o que se tem com quem não tem, e foi isso que Jesus fez, partiu o que tinha – cinco pães e dois peixes – com eles, os discípulos, e eles fizeram isso com outras pessoas, que por sua fez abriram mão de serem pedintes para se tornarem doadores. Todos haviam levado seus cestos de comida, mas estavam esperando egoisticamente que o Divino resolvesse seus problemas, mas o “...dá-lhes vós de comer...” vaticinado por Jesus aos alunos, lhes dava a autoridade de multiplicar o pão de cada dia por meio do exemplo. Isso é milagre da multiplicação.

Quando no texto anterior – Internet paz e amor... – eu disse que de certa forma estava entristecido pelo fato dos pensadores não usarem as redes sociais para fazerem pensar, estava me referindo ao milagre da multiplicação. “Pães e peixes” multiplicados pelas redes sociais. Nossa fome e sede de Justiça, precisa ser socializada para que a “comida” e a “bebida” que nos saciam, possam também ser sociais – gerais, para todos que padecem da mesma fome e sede por justiça.

Quando nos tornamos agentes da saciedade da fome por justiça dos outros, nossa fome por justiça também é saciada. Quando damos de comer pelo exemplo da divisão que multiplica, nos tornamos feitores de milagres. Milagres de multiplicação.

Depois que o povo aceitou ser tirado do seu estado de egoísmo pedinte, e passou a dividir o que tinha com quem não tinha, sobraram doze cestos cheios de comida. Jesus não fez o milagre da multiplicação de cestos, eles já estavam no meio do povo, cheios de comida, mas estavam escondidos dentro do egoísmo de quem os possuía. No momento que o exemplo que alimenta foi dado por Jesus, que agradeceu o que tinha e dividiu com seus discípulos, e esses com os outros, o povo fez o mesmo. Aí o milagre aconteceu.

Não espere por ninguém para fazer seu milagre de multiplicação. Não espere que as coisas “caiam do céu”, no seu colo para que você resolva se mexer. Não espere, faça o milagre acontecer. Multiplique o que possui, dividindo o que você tem com quem pensa que não tem. Mostre a ele que ele tem tanto ou mais que você, para juntos poderem construir um mudo melhor para viver.


Pegue o melhor do seu mundo e divida com os outros. Multiplique-se!

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