Certa vez os alunos (discípulos)
de Jesus lhe dissera:
“Mande o povo embora para irem
aos campos e povoados da vizinhança comprar algo para comer". Mas Jesus
lhes respondeu: "Vocês mesmos devem dar a eles algo para comer!".
Eles disseram: "Devemos ir e gastar muito dinheiro com pão e dá-lo para
ser comido?". Jesus lhes perguntou: "Quantos pães vocês têm? Vão e
verifiquem". Quando descobriram, disseram: "Cinco pães e dois
peixes". Ele ordenou a todos que se sentassem em grupos sobre a grama
verde. Eles se sentaram em grupos de cinquenta e de cem. Jesus pegou os cinco
pães e os dois peixes e, olhando em direção ao céu, disse uma benção agradecida.
A seguir, partiu-os pães e começou a dá-los aos alunos (discípulos) para serem
distribuídos. Ele também dividiu os dois peixes entre todos. Todos comeram
tanto quanto quiseram, e os alunos (discípulos) recolheram doze cestos cheios
com pedaços de pães e peixes. O número de homens que comeram os pães era de
cinco mil.” Marcos 6:36 a 44
No texto acima, Jesus propõe aos
seus alunos quebrar o paradigma estabelecido pela religiosidade. A ordem do
Mestre foi para que eles, os discípulos, “alimentassem” o povo, que dessem o
exemplo de como eles – mais de cinco mil pessoas – deveriam se unir em torno de
sua necessidade – a fome – e alimentar-se.
Olhar para “o milagre da
multiplicação de pães”, somente como um milagre literal – transformar pão em
pão, pão em peixe, pão em cestos – não parece ser algo saudável para o
entendimento. Entender o milagre da multiplicação sem a participação do povo é
fortalecer a crença – e pior, a prática – de “esperar o milagre divino,
sentado”.
Mas não foi isso que Jesus fez,
ele não estimulou o povo a ficar sentado, esperando a solução do seu problema,
cair do céu, feito maná no deserto. Ele disse aos seus alunos que eles, os
alunos, deveriam ensinar ao povo como se faz para multiplicar o que se tem para
comer. Mas a mente cega não consegue ver solução além do seu próprio óbvio, e a
resposta deles mostra isso, “... teremos de comprar comida para todos?”. Jesus
não disse que eles deveriam comprar comida, disse que eles deveriam “dar de
comer”. (...)
O “dar de comer” que Jesus se
refere, tinha – e tem – haver com o alimento que vem da “boca de Deus” – como
no episódio da tentação. Tinha – e tem – haver com o exemplo de partilhar o que
se tem com quem não tem, e foi isso que Jesus fez, partiu o que tinha – cinco
pães e dois peixes – com eles, os discípulos, e eles fizeram isso com outras
pessoas, que por sua fez abriram mão de serem pedintes para se tornarem
doadores. Todos haviam levado seus cestos de comida, mas estavam esperando
egoisticamente que o Divino resolvesse seus problemas, mas o “...dá-lhes vós de
comer...” vaticinado por Jesus aos alunos, lhes dava a autoridade de
multiplicar o pão de cada dia por meio do exemplo. Isso é milagre da
multiplicação.
Quando no texto anterior –
Internet paz e amor... – eu disse que de certa forma estava entristecido pelo
fato dos pensadores não usarem as redes sociais para fazerem pensar, estava me
referindo ao milagre da multiplicação. “Pães e peixes” multiplicados pelas
redes sociais. Nossa fome e sede de Justiça, precisa ser socializada para que a
“comida” e a “bebida” que nos saciam, possam também ser sociais – gerais, para
todos que padecem da mesma fome e sede por justiça.
Quando nos tornamos agentes da
saciedade da fome por justiça dos outros, nossa fome por justiça também é
saciada. Quando damos de comer pelo exemplo da divisão que multiplica, nos
tornamos feitores de milagres. Milagres de multiplicação.
Depois que o povo aceitou ser tirado
do seu estado de egoísmo pedinte, e passou a dividir o que tinha com quem não
tinha, sobraram doze cestos cheios de comida. Jesus não fez o milagre da
multiplicação de cestos, eles já estavam no meio do povo, cheios de comida, mas
estavam escondidos dentro do egoísmo de quem os possuía. No momento que o
exemplo que alimenta foi dado por Jesus, que agradeceu o que tinha e dividiu
com seus discípulos, e esses com os outros, o povo fez o mesmo. Aí o milagre
aconteceu.
Não espere por ninguém para fazer
seu milagre de multiplicação. Não espere que as coisas “caiam do céu”, no seu
colo para que você resolva se mexer. Não espere, faça o milagre acontecer.
Multiplique o que possui, dividindo o que você tem com quem pensa que não tem.
Mostre a ele que ele tem tanto ou mais que você, para juntos poderem construir
um mudo melhor para viver.
Pegue o melhor do seu mundo e
divida com os outros. Multiplique-se!
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