"Sempre fomos livres nas profundezas de nosso coração, totalmente livres, homens e mulheres.
Fomos escravos no mundo externo, mas homens e mulheres livres em nossa alma e espírito."
Maharal de Praga (1525-1609)

segunda-feira, 21 de abril de 2014

OUVIDO PRENHE DE SALVAÇÃO, LÍNGUA LIVRE PRA SALVAR.



Esse espaço tem sido nosso meio de encontro. Você no seu lugar e eu no meu.

As semanas anteriores foram muito proveitosas e singulares. Com a graça de Deus, terminei o livro Minha verdade sobre o dízimo”. Agora e seguir a programação de fazer a paginação, diagramação e impressão. Nesse primeiro momento de forma artesanal, pois os recursos para bancar uma impressão gráfica industrial, inexistem. Mas tudo corre dentro do caminho traçado pelo Senhor de toda a terra. Quando tudo estiver pronto, anunciarei a data de lançamento.

O artigo sobre a “Mãe impura, filha possessa”, foi postado com muita dificuldade, devido ao péssimo serviço de internet aqui na Região Norte do País, principalmente na cidade de Itacoatiara. Mas, hoje quero tratar de um assunto não menos interessante que os anteriores, e que carrega a mesma carga de pessoalidade. Vamos ao texto:

“Depois disso, ele deixou o distrito de Tzor (Tiro) e, atravessando Tzidon (Sidon) e o lago Kinneret (Genezaré), chegou à região das Dez Cidades. Trouxeram-lhe um homem surdo e que não conseguia falar, e pediram a Jesus que lhe impusesse as mãos. Levando-o consigo para longe da multidão, Jesus pôs os dedos nos ouvidos do homem, cuspiu e tocou em sua língua; então, olhando em direção ao céu, suspirou fortemente e lhe disse: ‘Hippatach!’ (isto é, ‘abra-se’). Os ouvidos do homem foram abertos, sua língua se moveu livremente, e ele começou a falar com clareza. Jesus ordenou às pessoas que não dissessem nada a ninguém; quanto mais ele insistia, mais zelosamente elas espalhavam as notícias. As pessoas foram tomadas de espanto e diziam: ‘Tudo o que ele executa, faz muito bem’. ‘Faz até mesmo o surdo ouvir e o mudo falar!’. Marcos 7:31 a 37

Resolvida, a questão da impureza da grega, siro-fenícia e de sua filha, Jesus retorna ao outro lado do lago de Genezaré, desta vez para encontrar os frutos do trabalho de “Legião”. Como já estudamos anteriormente, o homem possesso pela loucura das múltiplas vozes, doutrinas e costumes, foi liberto por Jesus de seus demônios e ordenado pelo Mestre a voltar para casa, enfrentar quem o demonizava. Ele fez o que Jesus ordenara e ainda passou a espalhar as boas notícias de salvação pelas Dez Cidades – Decápolis. É para esse lugar que Jesus vai com seus alunos.

Ao chegar, trazem-lhe um homem surdo-mudo. O interessante, é que no texto não é atribuída ao homem surdo, nenhuma mazela espiritual, ele não está possuído por nenhum espírito impuro. É somente um doente comum, um surdo com dificuldades de falar. O desejo das pessoas era assistir um ritual religioso de cura, notem que no texto se destaca: “...e pediram a Jesus que lhe impusesse as mãos...”. Todos queriam ver o milagre, não como um Milagre, mas sim, como técnica humana para “realizar” milagres.

Percebendo isso, Jesus leva o surdo para longe dos olhares de todos e realiza um ritual ímpar. Estranho e extravagante. Um choque para todos que leem com a atenção devida.

A imaginação coletiva é que Jesus teria posto seus dedos – temporariamente – em cada um dos ouvidos, cuspido e com o dedo tocado a língua do enfermo. Mas não creio que tenha sido assim, acho que foi algo mais escandaloso. Porquê então, teria sido necessário retirar o enfermo do meio do povo?

Seja como for, a questão é que Jesus provoca naquele homem um verdadeiro choque emocional. Ao “tapar” seus ouvidos com os dedos, Jesus deu ao surdo a sensação física da surdez, já que a emocional ele já possuía. Ele não ouvia e sabia disso, ele tinha toda a sensação do que era ser surdo. Mas não possuía uma sensação física que o impedisse de ouvir. No momento em que Jesus “tapou-lhe” os ouvidos, as sensações se unirão e a surdez parecia ser completa.

No momento seguinte, Jesus “cuspiu e tocou em sua língua”. Tocar na língua com o que? COM A LÍNGUA! Língua tocando em língua. Uma língua Santa, desprovida de preconceitos, objetivada em somente anunciar as Boas Notícias do Reino do Céu e uma língua enferma, travada, calada, in-falante, impedida de falar pelo que não podia ouvir.

Falar é resultado do esforço emocional do intelecto. Esse esforço conjunto produz a fala, que é a ação – física – de falar. Em minha opinião, o que Jesus fez foi provocar naquele homem um choque emocional-intelectual, quando lhe invadiu a boca com Sua língua sagrada.

ABRE-TE!

Não há como não abrir a boca e destampar os ouvidos diante da ordem do Messias, que nos escolhe para ouvi-Lo e falar n’Ele, por onde quer que andemos. Não existe nenhuma possibilidade de impedir que essa língua que nos contamina com santidade invada nossa boca e nos abençoe com esse toque mágico e inimaginável.

Não podemos sair por ai falando “de” Jesus, temos de falar “em” Jesus. Devemos estar Nele, fomos possuídos por Ele com seu beijo santo, seus dedos em nossos ouvidos nos fazem entender que só podemos dar os ouvidos para Ele. Nossos ouvidos só podem ser “emprenhados” pelo que for Sagrado, pelo que vem do Santo, por meio de Jesus, o Messias. O Salvador.

Com os ouvidos prenhes de salvação, precisamos fecundar, semear, emprenhar outros ouvidos com a mesma mensagem salvadora, agora com nossa língua santa. Língua que foi santificada pelo toque sobrenatural da língua de Jesus.


Reflita. Deus lhe abençoe.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

MÃE IMPURA, FILHA POSSESSA.

Oxana Malaya foi encontrada na Ucrânia em 1991.


Continuando o estudo no livro de Marcos ...

“A seguir, Jesus saiu daquele distrito e se dirigiu à circunvizinhança de Tzor (Tiro) e Tzidon (Sidon). Lá ele encontrou uma casa para ficar e desejava permanecer no anonimato, mas isso foi impossível. Aproximou-se dele uma mulher cuja filhinha tinha um espírito impuro, e ela se prostrou a seus pés. A mulher era grega, siro-fenícia de nascimento, e lhe implorou que expulsasse o demônio de sua filha. Jesus disse: ‘Em primeiro lugar, alimentam-se os filhos; não é certo tirar a comida das crianças e lançá-la aos cachorrinhos de estimação’. Ela respondeu: ‘Isso é verdade, senhor; contudo, mesmo os cachorrinhos debaixo da mesa comem as sobras das crianças’. Então Jesus lhe disse: ‘Por causa dessa resposta, você pode ir para casa; o demônio já deixou sua filha’. Ela voltou para casa e encontrou a filha deitada na cama, livre do demônio.” Marcos 7:24 a 30

Depois de ter mostrado de forma prática e insofismável aos alunos, aos religiosos e ao povo que o que nos torna pessoas impuras é o que falamos, e que nossas palavras são nascidas envoltas pelos sentimentos do coração, Jesus tentou descansar em lugar distante da multidão. Porém, uma mulher que possivelmente o seguia e havia entendido o que ele dissera sobre comida e palavras, disse-lhe em tom de questão, que sua filha estava com um espírito impuro. Notem que o ensino de Jesus estava em sentido contrário ao questionamento daquela mãe. Jesus afirmara que o que nos torna impuros é o que falamos, mas também o que ouvimos.

Se ouvirmos palavras provenientes de um coração impuro, podemos também nos tornar impuros, se essas palavras forem se acomodando em nossas emoções – no coração. Falar e ouvir estão intimamente ligados no ensino de Jesus. Aquela mãe, que no texto original em hebraico é identificada como uma mulher envergonhada pelo que havia ouvido de Jesus apresentou ao mestre uma questão, que ela já havia resolvido em seu coração. Sua filha estava impura, por qual motivo?

O texto de Marcos mostra uma estranha identificação da mulher. Ela não tem nome, mas tem endereço, ela é grega, porém siro-fenícia de nascimento. Ou seja, há importância nessa revelação da identidade da mulher. E isso tem haver com a resposta aparentemente estapafúrdia que Jesus deu a ela. Ele sabia com quem estava falando e ela sabia o que ele estava dizendo. A conversa entre eles está em um nível fora do alcance do simples leitor. Em sendo uma mulher de cultura grega, ela deveria ser idólatra, deveria servir a algum deus; sendo siro-fenícia pode ter sido educada a cultivar deuses domésticos, entidades que são cultuadas em altares dentro das casas ou em uma dependência dela.

Ao me deparar com essa possibilidade pesquisei sobre o tema e encontrei um dado interessante. Havia na cultura grega, uma deusa familiar, que era venerada com muita devoção por todos os gregos prosélitos. Na mitologia grega, Héstia era essa deusa familiar que protegia as famílias. Sua história mitológica é interessante. Ela era irmã de Zeus, que a proibira de casar, mas permitiu que ela fosse adorada como deusa familiar, uma espécie de deusa menor. Tal fato é interessante e pouco se encontra sobre tal divindade nos dicionários de mitologia grega. O sincretismo grego-siro-fenício, deu a essa deusa uma característica interessante. Seu culto era realizado, oferecendo o melhor dos alimentos, principalmente leite, bolos e biscoitos para ela, na figura de animais de estimação, principalmente cachorrinhos.

Não é difícil imaginar que aquela mulher, cheia de impureza, deve ter falado muitas coisas desagradáveis para a filha, que por ser uma criança, deve ter crido nas besteiras faladas pela mãe e se “transformado” em uma cachorrinha, comendo a comida dos cachorrinhos de estimação, que era depositada religiosamente por ela. Isso não é difícil de crer, tendo em vista os diversos casos – mostrados em documentários – de crianças que viveram com animais, e debilitadas mentalmente acreditavam ser da família desses animais. O caso mais famoso é de uma menina ucraniana que fora criada pelos cachorros da família, pois seus pais a alimentavam junto com eles; segundo o documentário, ela se “transformou” em um cachorro. Outro caso famoso é o de um garoto africano criado com galinhas, na medida em que cresceu acreditou que era uma galinha. Tudo por causa do espírito impuro que saiu da boca dos pais.

Tudo indica que o caso daquela mulher siro-fenícia, poderia ser um desses. Ela acreditara – por ser idólatra – que sua filha estava com um demônio, ou um “espírito de cachorro”. Isso não consta no texto, mas é identificado por Jesus logo de primeira. A resposta do mestre mostra essa identificação: ‘Em primeiro lugar, alimentam-se os filhos; não é certo tirar a comida das crianças e lançá-la aos cachorrinhos de estimação’, disse ele. A mãe já sabia que era dela, a culpa pelo estado “demoníaco” da filha. Quando Jesus identificou a questão, ela imediatamente retomou o controle de sua vida, afirmando que a deusa Héstia nãos seria mais importante que seus filhos: ‘Isso é verdade, senhor; contudo, mesmo os cachorrinhos debaixo da mesa comem as sobras das crianças’. Tudo resolvido. A mãe sabia que se ela tratasse os filhos como filhos e os animais como animais tudo se reequilibraria.

Mas a menina pensava ser um cachorro. Ela comia com eles e dormia com eles. O milagre da transformação da cachorrinha em gente dependia de Jesus. Milagres só dependem dele.

Porém a transformação de animal em filha já havia acontecido no coração daquela mãe. Filhos comem à mesa, animais comem das sobras que os filhos eventualmente deixam cair. Isso ela disse ao Senhor e ele apaixonou-se pela confiança da mulher: ‘Por causa dessa resposta, você pode ir para casa; o demônio já deixou sua filha’. Não havia o que duvidar, a confiança daquela mãe contagiara ao mestre Jesus, aquela aluna havia aprendido tudo direitinho. Sem titubear ela voltou pra casa “...e encontrou a filha deitada na cama, livre do demônio” cachorro. A prova disso é que ela estava deitada na cama, feita gente e não entre os animais feita bicho.

O que podemos aprender com essa lição um tanto estranha? Creio que essas histórias nos alerta para a importância que há naquilo que falamos para os nossos filhos. Muitos chamam seus filhos de “tudo que não presta”, e quando eles se transformam no que lhes foi profetizado, culpam o demônio pelo estado animal dos filhos. Porém esquecem que eles mesmos fizeram dos filhos os “demônios” que são hoje. Esses pais de espíritos impuros, vomitam sua impureza em forma de palavras como se fossem alimento, aos filhos, que por não terem outra referência de vida se transformam nos animais preditos por seus pais.


Pense nisso. Como você alimenta as emoções dos seus, sejam eles quem forem.