"Sempre fomos livres nas profundezas de nosso coração, totalmente livres, homens e mulheres.
Fomos escravos no mundo externo, mas homens e mulheres livres em nossa alma e espírito."
Maharal de Praga (1525-1609)

domingo, 18 de maio de 2014

CEGO, É QUEM NÃO QUER ENXERGAR.



“Eles chegaram a Beit-Tzaidah. Algumas pessoas lhe trouxeram um cego e imploraram que Yeshua tocasse nele. 23 Tomando o cego pela mão, ele o levou para fora da cidade. Cuspiu em seus olhos, pôs as mãos sobre o homem e lhe perguntou: ‘Você vê algo?’. O homem olhou para cima e disse: ‘Vejo pessoas, mas elas se parecem com árvores em movimento’. 25 Então Jesus colocou as mãos sobre os olhos do homem outra vez. Ele fixou os olhos, e sua visão foi restaurada, podendo enxergar tudo com nitidez. Jesus o mandou para casa com as seguintes palavras: ‘Não vá à cidade’. Marcos 8:22 a 26

Depois do episódio do “fermento”, todos chegaram à “Casa da Provisão” – Beit-Tzaidah – e logo que Jesus desembarcou, as pessoas lhe apresentaram um cego. Queriam que Jesus lhe tocasse para que ficasse curado. Mas ao contrário do desejo popular, Ele arrasta o cego pela mão, o leva para fora da cidade e cospe-lhe na cara. Ou como preferem alguns, nos olhos.

O relato é no mínimo interessante, pois o diálogo é singular e no mínimo estranho. Depois de cuspir na cara de um cego, aparentemente desconhecido, Jesus parece limpar a saliva com a mão e perguntar se ele, o cego, estava vendo algo. Para a surpresa de quem lê o texto, o enfermo visual “enxerga pouco”, “... homens parecendo árvores andando ...”. É estranho perceber que aquele cego sabia o que era uma árvore e o que era uma pessoa andando. Entendo que tudo indica, que ele, o cego, era um pilantra. Sua cegueira era moral, não física.

O termo hebraico usado para o momento que Jesus o “leva” para fora da cidade é “ferir”. Parece que ele foi arrastado com força por Jesus para fora do convívio das pessoas.

Depois de curar o “cego”, Jesus o manda pra casa, e diz para que ele não voltasse para a cidade. Esse fato reforça a ideia de que ele não era realmente cego, e que estava usando a credulidade e a misericórdia das pessoas que por ali passavam, para “ganhar dinheiro ilicitamente”, se fazendo de cego.

Cuspir na cara de alguém, em qualquer tempo, é ato de ofensa, e de desprezo pelo ato cometido pela pessoa que recebeu a cusparada. Acredito que distante de ser um ritual de cura, Jesus estava repreendendo o mentiroso que se fazia de cego. Porém, cheio de Graça e de Sabedoria, o Mestre Supremo, o Conselheiro Maravilhoso não expôs o enganador. Ele o curou de sua enfermidade moral, de sua cegueira moral, ele o fez ver a verdade. “Volte para sua casa, para sua família” disse Jesus.

Quantas vezes estamos diante da verdade, diante do que nos livra do mal, diante da bondade a ser feita, diante do respeito a ser exercido, diante do livramento a ser assumido, mas não enxergamos? Quantas vezes estamos cegos para a verdade, nos escondendo atrás de nossos desejos, de nossas manias, de nossos vícios, de nossas religiosidades, de nós mesmos. Quantas vezes estamos cegos para os caminhos alternativos que se apresentam diante dos nossos olhos, mas não conseguimos enxerga-los porque estamos com o olhar fixo em um determinado ponto, a ponto de nos cegarmos para tudo mais, que está ao nosso redor.

Não voltar para a “cidade”, é não voltar a praticar o que praticávamos antes de olhar e ver a verdade. Pessoas não são árvores, são pessoas. Árvores são árvores e pessoas são pessoas. Não tente enganar ninguém, dizendo pra si mesmo, ou pra seu Salvador que está vendo pessoas como se fossem árvores andando. Não seja tolo. Enxergue a verdade e volte para sua família.

Não pense que sou perfeito, que não tenho cometido pecados, que não tenho me cegado para as verdades bíblicas. Tenho feito isso, mas me sinto incomodado, me perturba a falta de dor que certos comportamentos me proporcionam. Peço todos os dias, muitas vezes em lágrimas, que o Eterno, o Deus de toda a terra, não me cegue, não me torne surdo, não me endureça o coração. Isso seria o meu fim, a maior de todas as tragédias familiares que eu poderia promover.

Nós, cegos morais, emocionais, e intelectuais, precisamos receber todos os dias, cusparadas em nossa cara, para sabermos que Jesus é o salvador, que Ele é quem nos garante uma vida eterna com o Pai Eterno.


Pense nisso. Enxergue. Volte pra casa, não para a cidade.

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