“Eles chegaram a Beit-Tzaidah.
Algumas pessoas lhe trouxeram um cego e imploraram que Yeshua tocasse nele. 23
Tomando o cego pela mão, ele o levou para fora da cidade. Cuspiu em seus olhos,
pôs as mãos sobre o homem e lhe perguntou: ‘Você vê algo?’. O homem olhou para
cima e disse: ‘Vejo pessoas, mas elas se parecem com árvores em movimento’. 25
Então Jesus colocou as mãos sobre os olhos do homem outra vez. Ele fixou os
olhos, e sua visão foi restaurada, podendo enxergar tudo com nitidez. Jesus o
mandou para casa com as seguintes palavras: ‘Não vá à cidade’. Marcos 8:22 a 26
Depois do episódio do “fermento”, todos chegaram à “Casa
da Provisão” – Beit-Tzaidah – e logo que Jesus desembarcou, as pessoas lhe
apresentaram um cego. Queriam que Jesus lhe tocasse para que ficasse curado.
Mas ao contrário do desejo popular, Ele arrasta o cego pela mão, o leva para
fora da cidade e cospe-lhe na cara. Ou como preferem alguns, nos olhos.
O relato é no mínimo interessante, pois o diálogo é singular
e no mínimo estranho. Depois de cuspir na cara de um cego, aparentemente desconhecido,
Jesus parece limpar a saliva com a mão e perguntar se ele, o cego, estava vendo
algo. Para a surpresa de quem lê o texto, o enfermo visual “enxerga pouco”,
“... homens parecendo árvores andando ...”. É estranho perceber que
aquele cego sabia o que era uma árvore e o que era uma pessoa andando. Entendo
que tudo indica, que ele, o cego, era um pilantra. Sua cegueira era moral, não
física.
O termo hebraico usado para o momento que Jesus o “leva”
para fora da cidade é “ferir”. Parece que ele foi arrastado com força
por Jesus para fora do convívio das pessoas.
Depois de curar o “cego”, Jesus o manda pra casa, e
diz para que ele não voltasse para a cidade. Esse fato reforça a ideia de que
ele não era realmente cego, e que estava usando a credulidade e a misericórdia
das pessoas que por ali passavam, para “ganhar dinheiro ilicitamente”,
se fazendo de cego.
Cuspir na cara de alguém, em qualquer tempo, é ato de
ofensa, e de desprezo pelo ato cometido pela pessoa que recebeu a cusparada.
Acredito que distante de ser um ritual de cura, Jesus estava repreendendo o
mentiroso que se fazia de cego. Porém, cheio de Graça e de Sabedoria, o Mestre Supremo,
o Conselheiro Maravilhoso não expôs o enganador. Ele o curou de sua enfermidade
moral, de sua cegueira moral, ele o fez ver a verdade. “Volte para sua casa,
para sua família” disse Jesus.
Quantas vezes estamos diante da verdade, diante do que nos
livra do mal, diante da bondade a ser feita, diante do respeito a ser exercido,
diante do livramento a ser assumido, mas não enxergamos? Quantas vezes estamos
cegos para a verdade, nos escondendo atrás de nossos desejos, de nossas manias,
de nossos vícios, de nossas religiosidades, de nós mesmos. Quantas vezes estamos
cegos para os caminhos alternativos que se apresentam diante dos nossos olhos,
mas não conseguimos enxerga-los porque estamos com o olhar fixo em um
determinado ponto, a ponto de nos cegarmos para tudo mais, que está ao nosso
redor.
Não voltar para a “cidade”, é não voltar a praticar o que praticávamos
antes de olhar e ver a verdade. Pessoas não são árvores, são pessoas. Árvores são
árvores e pessoas são pessoas. Não tente enganar ninguém, dizendo pra si mesmo,
ou pra seu Salvador que está vendo pessoas como se fossem árvores andando. Não seja
tolo. Enxergue a verdade e volte para sua família.
Não pense que sou perfeito, que não tenho cometido pecados,
que não tenho me cegado para as verdades bíblicas. Tenho feito isso, mas me
sinto incomodado, me perturba a falta de dor que certos comportamentos me
proporcionam. Peço todos os dias, muitas vezes em lágrimas, que o Eterno, o
Deus de toda a terra, não me cegue, não me torne surdo, não me endureça o
coração. Isso seria o meu fim, a maior de todas as tragédias familiares que eu
poderia promover.
Nós, cegos morais, emocionais, e intelectuais, precisamos
receber todos os dias, cusparadas em nossa cara, para sabermos que Jesus é o
salvador, que Ele é quem nos garante uma vida eterna com o Pai Eterno.
Pense nisso. Enxergue. Volte pra casa, não para a cidade.
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