"Sempre fomos livres nas profundezas de nosso coração, totalmente livres, homens e mulheres.
Fomos escravos no mundo externo, mas homens e mulheres livres em nossa alma e espírito."
Maharal de Praga (1525-1609)

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

ADEUS 2014. BEM-VINDO 2015 – parte final.



Aos AMIGOS.

“Algumas amizades são puro fingimento, mas um verdadeiro amigo é mais apegado que o irmão”. Provérbios 18:24 – Bíblia Judaica Completa.

Muita gente acha que a amizade é sentimento relacional que rege somente o convívio entre pessoas estranhas, mas não rege a relação entre parentes. Eu nunca havia parado para pensar neste fato até recentemente. Muitos de nós não possuímos amigos aparentados. Nossos amigos verdadeiros estão – quase sempre – fora do relacionamento familiar. Por que?

Creio que a resposta é simples de entender, mas difícil de aceitar. Esse fato dá-se porque as pessoas estranhas ao rol familiar, não nos cobram um código de conduta que o grupo familiar nos exige.

A sociedade celular chamada família tem seu próprio código de conduta, que na maioria das vezes impede que possamos compartilhar nossas intimidades com seus membros. Isso porque, invariavelmente, quando abrimos nosso coração e falamos de nós, há cobranças, reclamações, decepções, julgamentos, (...). Fora do convívio familiar esses comportamentos acusatórios não ocorrem então nos sentimos mais confiantes em contar nossos “segredos” a uma pessoa que – quase sempre – nos ouve sem nada julgar. São esses a quem chamamos de amigos.

Durante o ano de 2014 aprendi muitas coisas. Umas por observação, outras por prática. As lições observadas não marcaram tanto quanto as lições praticadas. Com o rabino Nilton Bonder aprendi que: “conversa é o ato de alguém falar e outro invariavelmente ouvir”. Com o mestre Augusto Cury aprendi que diálogo é o alicerce para uma amizade verdadeira. Mas qual a diferença entre conversar e dialogar?

A conversa se prende ao externo, ao fortuito, as igualdades; já o diálogo só acontece quando um confia no outro e conta-lhe segredos, intimidades por saber que não será julgado pelo que contar. Simples assim. A primeira prática tem a ver com a superficialidade das relações; A segunda tem a ver com o reconhecimento do valor do outro, e do reconhecimento de que não se é diferente daquele que segreda – normalmente coisas “cabeludas”, estranhas ao dito comportamento normal da sociedade.

Essa falta de competência em ser família, tem afastado as pessoas. Familiares têm medo de contar seus segredos, suas falhas, seus dramas, seus traumas, seus erros, seus desassossegos, seus desgostos, suas decepções, suas frustrações, seus desejos (...), a outros familiares, pois sabem que esses irão julgá-los como seres fracassados, pessoas idiotas, (...). E esse “achar isso” vem da observação. Pare e pense. QUANTAS VEZES VOCÊ JULGOU SEM PIEDADE ALGUÉM POR ALGUM ATO FALHO NA FRENTE DE SEUS FAMILIARES? Só que você – como acontece com todo julgador – não imagina que seu parente – seja filho, irmão, pais ou outro aparentado – possa vir a cometer IGUAL ato falho. Esse familiar que presenciou sua reação, registrou e identificou esse comportamento como sendo O SEU COMPORTAMENTO PARA ATOS DAQUELE TIPO; então, quando esse coitado se vê em situação igual, sabe qual será sua reação. AÍ “FICAMOS” CALADOS... POIS SE CONTARMOS O QUE NOS ACONTECE SEREMOS ALVO DAS SUAS REAÇÕES MAIS ESTÚPIDAS (...).

Por que nossos parentes procuram ajuda – confessional – de outras pessoas? Porque somos incapazes de entendê-los e aceitá-los. Somos muito bons em julgar nossos parentes (...). É POR ISSO QUE RARAMENTE EXISTE AMIZADE ENTRE PARENTES.

Aprendi com a literatura judaica, que um dos comportamentos que mais vale lutar para obter é ser um bom amigo. Para ser um bom amigo, necessariamente é preciso ter um bom olhar para com quem está conosco – seja esse “estar”, perto ou distante – ; para ser um bom amigo, há necessidade de ser um bom vizinho – não viver arengando com quem está “ao nosso lado”; para ser um bom amigo é indispensável ter um bom coração. O bom coração nunca julga ou pré-julga, nunca tem pré-condições, pré-conceitos, pré-suposições, nunca pensa que (...).

É MUITO FÁCIL SER AMIGO. BASTA DEIXAR O OUTRO SER QUEM ELE REALMENTE É; BASTA ACEITARMOS NOSSO AMIGO COMO ELE QUER SER.

Um amigo de verdade, pode até viver no céu, mas nunca transforma a vida do outro em um inferno; Um amigo de verdade, pode até ser juiz, mas nunca irá condenar seu amigo por viver diferente da “sua” justiça; Um amigo de verdade, nunca vai deixar seu amigo sozinho só porque ele pensa, age ou fala diferente; Um amigo de verdade nunca vai prender ninguém consigo, mesmo que sinta uma grande falta dele; Um amigo de verdade nunca vai culpar seu amigo pela dor – seja ela oriunda do que for – que sente.

Termino esse último post, parafraseando o apóstolo Paulo:

Mesmo que eu fosse um poliglota, mas não tivesse amigos; tudo que eu falasse, seria como um barulho qualquer, produzido por um pedaço de metal.

Mesmo que eu fosse reconhecido como a mente mais brilhante da ciência, ou o religioso mais piedoso do mundo, a ponto de ganhar o prêmio Nobel; sem amigos não seria ninguém.

Mesmo que eu fosse muito rico, e dividisse minha fortuna com as pessoas necessitadas; ou movido por grande remorso ou compaixão, entregasse meu corpo para experiências científicas a fim de achar a cura para as doenças; sem amigos, nada disso se aproveitaria.

Ser amigo é sofrer com o amigo, é ser bondoso com ele – mesmo que não mereça, é não querer o que ele tem, nem ser desonesto com as intenções para com ele. Ser amigo é nunca se achar melhor, ou “mais” que nosso amigo.

Um amigo de verdade nunca deixa que humilhem, nem humilha. Um amigo de verdade sempre sabe que tudo tem uma razão de ser. Um amigo de verdade nunca duvida da palavra de seu amigo, mesmo que haja suspeita dos fatos não serem tão verossímeis (...).

A amizade verdadeira gosta das coisas simples e claras, mas não fica escarafunchando a vida do amigo, só para saber as “verdades” dele....

Amigo de verdade, sofre com as decepções, mas não abandona o amigo. Não abandona porque sabe que ninguém é perfeito (...), e sabe que tudo passa, até a decepção passa. Isso é ser amigo de verdade.

As pessoas podem falhar conosco, podem até falar mal de nós (...); mas se formos amigos de verdade, tudo vai passar, tudo será jogado fora.

Quando somos amigos de verdade, nem traição, nem brigas, nem decepção, nem união ou separação, nem política, nem religião, nem céu, nem terra, nem inferno, nada nos separa. No fim, tudo passa; só a amizade fica.

Feliz 2015. Obrigado por sua amizade.


No MESSIAS que É O MELHOR AMIGO.

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