Há momentos em que até o silêncio
faz muito barulho...
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O ser humano é primordialmente
religioso. Seja lá qual for o credo, nossa espécie cultua o Desconhecido desde
tempos imemoriais – está tudo gravado em pedras, papiros, pergaminhos, livros e
agora em arquivos eletrônicos. Essa religiosidade ganha cores, formas e
intensidade diferentes de acordo com a cultura onde ela é praticada. Mas
percebo que três coisas se apresentam em todas elas: a supremacia do Divino; as
tragédias existenciais e a nossa ignorância diante disso tudo.
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A VERDADE que nos liberta, que
desamarra e lapida o caráter – e que está manifesta em Jesus – pode ser
encontrada em três livros sagrados, ordenados na forma original do TANAK –
Antigo Testamento ocidental, infelizmente com a ordem de livros alterada. A
verdade, a EMeT falada por Jesus no capítulo oito do evangelho de João,
apresenta-se nos livros de Jó, Provérbios e Salmos – nesta ordem. É nesses três
livros que a VERDADE que nos liberta das mazelas, nos desamarra da ignorância e
lapida nosso caráter pode ser encontrada. UMA VERDADE DIVIDIDA EM TRÊS PARTES.
SUPREMACIA DIVINA – esse “pedaço”
da VERDADE é encontrado no livro de Jó. Em suas linhas encontramos a história –
verdadeira – de um velho e justo homem, que do-dia-pra-noite perdeu tudo que
possuía: bens, filhos, saúde; até seu status social de homem rico, acabou-se.
Deixou de estar sentado sobre finos tapetes para sentar-se sobre cinzas, coçando
suas feridas com cacos de tijolo. Esse quadro dantesco, desumano e
aparentemente injusto revela a VERDADE que lapidou o caráter daquele homem
desgraçado. É nas linhas do livro que conta a história de Jó que pode ser
encontrada a verdade absoluta de que DEUS É O SUPREMO SOBERADO; O SOBERANO
ABSOLUTO.
Se tirarmos dos olhos as vendas
dessa religiosidade primordial que dualiza a vida em “bem” e “mal”, veremos que
o MAL que afligiu Jó foi proveniente do BEM ao qual ele adorava. Se nos
livrarmos do pudor auto preservativo, veremos que o Ente que ordenou a desgraça
de Jó foi o TODO PODEROSO. Se dispusermos nosso entendimento para apenas ler o
que está escrito no livro de Jó, sem tentar religiogisar as questões lá
apresentadas, o entendimento se abrirá.
Percebam como Jó reconhece o SER
SUPREMO: “Com Deus estão a sabedoria e o poder; ele possui conselhos e
entendimento [para quem desejar]. Quando Ele quebra algo, isso não pode ser
reconstruído; quando aprisiona alguém, este não pode ser liberto. Quando segura
a água, há seca; quando a envia, ela retorna à terra. Com Ele estão a força e o
senso comum; tanto o engano quanto o enganador pertencem a Ele. Ele leva
conselheiros para o cativeiro, transforma juízes em tolos. Ele retira a
autoridade dos reis, então os prende [como prisioneiros]. Ele leva sacerdotes
para o cativeiro e arruína aqueles que estão a tempos no poder. Ele denigre o
discurso dos confiantes e elimina o discernimento dos idosos. Ele derrama
desprezo sobre os príncipes e alarga os lugares mais obscuros das profundezas e
torna luz em sombras negras como a morte. Ele torna grandes as nações e as
destrói; estende nações e então as dispersa. Ele extingue o entendimento dos
líderes de um país e os faz vaguear em desertos sem rumo” (Jó 12:13 a 24).
Esse é o DEUS SUPREMO de Jó. É a esse
SER que ele adora.
AS TRAGÉDIAS DA VIDA – Quando
reconhecemos essa soberania absoluta, tornamos DEUS um ser ilimitado e por
consequência, torna o Mal completamente limitado. Qual seria o limite do mal? Seguir
as ordens do SENHOR DE TODOS. Na história de Jó, o Mal – que na versão do TANAK
atende pelo nome de SHADAY – só faz o que lhe é ordenado pelo TODO
PODEROSO. Esse é o limite do Mal: obedecer a DEUS.
É no livro de Jó que percebemos
que as desgraças que se desabam sobre nós, não são permitidas por DEUS, elas
são DETERMINADAS por ELE. Em Jó, vemos que o próprio DEUS envia a desgraça
sobre Jó; é ELE quem mata seus filhos, é ELE quem lhe tira todos os bens, é ELE
quem lhe tira a saúde determinando a existência de uma terrível enfermidade.
Quando falo de “pudor auto
preservativo”, me refiro a coragem de perceber DEUS não somente como um SER
bonzinho, que passa seus – eternos – dias fazendo bondades para o ser humano,
(...), mas sim, de perceber DEUS como um SER completo, que pode fazer todas as
coisas – boas e más. Ter a coragem de perceber DEUS como ELE realmente É, nos
liberta; nos faz crescer, amadurecer, ganhar estatura e musculatura moral e
espiritual para enfrentarmos a vida com suas inevitáveis desgraças.
Nesse quesito, posso dizer que
nossa família tem experimentado situações interessantes. A primeira delas foi
quando papai Geraldo sofreu um acidente doméstico que causou a amputação de
parte de um dos pés. Em princípio, pensávamos que aquele acontecimento era
nossa tragédia; é era. Mas aquela tragédia, de ver nosso pai – já com mais de
70 anos – perder parte do corpo, foi na verdade uma bênção, fato que só descoberto
na sala de cirurgia no momento da amputação. DEUS – O TODO PODEROSO – com aquele
acidente trágico, livrou nosso pai de uma morte por septicemia; pois semanas
antes ele havia machucado o dedão do pé, e devido ao alto nível da diabetes, já
estava necrosado, o que teria causado sua morte. Diante daquele estranho e
trágico livramento, eu percebi que as tragédias da vida também podem ser
livramentos – e quase sempre são. Nós é que não percebemos.
Agora, outra tragédia cai sobre
nossa família (...). Mas meus olhos estão abertos para as bênçãos, sei que toda
tragédia carrega em si uma benção proporcional.
A IGNORÂNCIA HUMANA – Não
reconhecer DEUS como o AUTOR DAS TRAGÉDIAS E DESGRAÇAS QUE DESABAM SOBRE NÓS, é
ignorância. Quando em nossas falas entusiasmadas dizemos que ELE é PODEROSO
para FAZER TUDO, acho que muitas vezes não sabemos o que estamos falando na
verdade. Pense comigo: se ELE É PODEROSO para fazer TUDO, então, também pode
fazer o MAL; mas se não puder fazer o mal, não pode fazer tudo. Simples assim.
Reconhecer esse PODER, essa capacidade
de ELE fazer qualquer coisa, contra e/ou em favor de quem desejar, quando
desejar, é iniciar nos caminhos da sabedoria. Essa é a razão de Salomão afirmar
no capítulo três de Provérbios, que: “...ter medo de DEUS É o princípio
da sabedoria”.
Quando idealizamos “nosso
deus” como um ser bonzinho, que gastará seu eterno tempo nos livrando dos
problemas, castigando nossos adversários, trocando nossas fraldas, limpando
nosso bumbum, “fazendo das tripas, coração” para garantir nossas vitórias;
mostramos na verdade quão ignorantes somos em relação a ELE. Mostramos para ELE
que não O conhecemos, e que para nós, ELE é um “gênio da lâmpada”, que
está aí para realizar nossos – tolos e egóticos – desejos, e não um Deus.
Esse DEUS a quem dizemos servir e
adorar é o CRIADOR de tudo, o SUSTENTADOR de todo o equilíbrio cósmico, o
CONSOLIDADOR das leis naturais, o SENHOR DE TUDO E DE TODOS. Nossa ignorância nos
impede de adorar a esse DEUS como deveríamos, pois não admitimos que ELE possa
nos fazer mal, não aceitamos que ELE nos castigue, ou que nos livre da morte
nos amputando um membro do corpo, nos enchendo de feridas ou metendo um câncer em
nosso corpo.
Confesso que esse, ainda é um
tema denso e que ainda estou diluindo em meu ser, esta VERDADE QUE LIBERTA.
PROVÉRBIOS E SALMOS –
CONSELHOS E LOUVOR
A VERDADE que Jesus diz que se
for encontrada e praticada – conhecida – liberta e lapida o caráter, se
completa nos livros de Provérbios e depois em Salmos. No primeiro, encontramos
conselhos para viver muito, bem e em paz. Se seguirmos – obedecermos – aos concelhos
desse DEUS TERRÍVEL, contidos em Provérbios, nossa vida se amansa, se acalma,
deixamos de questionar o INQUESTIONÁVEL. Ao lermos, estudarmos e praticarmos o
que está em Salmos, todas as questões se desvanecem, toda a dúvida se acaba. Em
Salmos nós LOUVAMOS A ESSE BONDOSO E TERRÍVEL DEUS a quem servimos – sem questionar
seus atos. E se O questionarmos, se possuirmos a coragem de questioná-LO – e ELE
nós dá essa oportunidade – devemos fazer com sabedoria, sabedoria que inicia
com o medo; medo este de estarmos questionando ao SENHOR DE TUDO.
O velho Jó, disse sabiamente: “O
Senhor deu, o Senhor tomou. Bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1:21). Tal
declaração só pode ser feita por quem conhece o PODER do TODO PODEROSO. As falas
auto-confusas, auto-enganosas, iludidas pela religiosidade extremada, não proporcionam
honestidade aos declarantes. São falas vazias, desprovidas do temor de DEUS.
COMO AGIR DIANTE DAS TRAGÉDIAS
PROPORCIONADAS PELO TODO PODEROSO?
Creio que só existe uma maneira
de agirmos diante de um SER tão PODEROSO, que pode nos afligir de tantas formas
e de tantas maneiras: LOUVANDO-O E PEDINDO MISERICÓRDIA.
No Salmo 34, verso um,
encontramos essa declaração: Louvar ao PODEROSO em TODO O TEMPO; não importa
qual seja o tempo, DEUS TEM de ser LOUVADO por nós. Louvar e pedir misericórdia,
foi a receita de Ezequias, quando morrendo, disse ao DEUS da vida: “O que
posso dizer? ELE falou comigo e agiu! Seguirei com humildade todos os anos,
lembrando quão amargo fui. ADONAI, os povos vivem por essas coisas; e todas
elas são a vida do meu espírito. TU restauras minha saúde e me dás vida – ainda
eu, em lugar de paz, eu sinta muita amargura. TU desejaste minha vida e a
preservaste da cova da existência; pois lançaste todos os meus pecados para atrás
de ti. A sepultura não pode te agradecer, a morte não pode te louvar; os que
descem à cova não podem esperar pela tua VERDADE. Os vivos, os vivos podem de
agradecer como eu faço hoje; pais farão conhecidos aos filhos tua fidelidade.
ADONAI está pronto para me salvar; por isso farei nossos instrumentos de cortas
soar todos os dias da nossa vida na casa de ADONAI.” (Isaías 38:15 a 20).
Reconhecer que DEUS pode MATAR quando
bem desejar, sem ficar com raiva dessa decisão, pelo contrário, agradecer pela
vida que se tem até o momento – antes que a morte chegue –, mesmo que ela seja
feita com dor, pedir misericórdia e louvar ao TODO PODEROSO é o comportamento
correto diante de um SER tão SUPERIOR.
Acredito que é dessa forma que
nos libertamos da mediocridade que a religião impõe, tenho certeza, que quando
descobrimos quem realmente É esse DEUS, somos libertos da burrice que as
práticas religiosas nos condicionam; as determinações contra DEUS, as ordens
contra o SENHOR, as reclamações contra os desígnios do Eterno. Fico assustado
quando ouço algumas pessoas dizerem em preces emotivas “...eu não aceito
essa enfermidade...”, ou “...eu determino que tu...” (...). ESSES,
NÃO CONHECEM DEUS! Nunca conheceram.
Finalizando – por enquanto –,
digo que todos, diante das situações mais angustiantes e trágicas da/na vida,
precisamos saber que: É DEUS QUEM ESTÁ PROPORCIONANDO TAL TRAGÉDIA e faz
isso porque tem o PODER para fazer; e por isso tem de ser LOUVADO
e TEMIDO!
Louvado seja o ELE.