Estamos vivendo um momento histórico no qual é difícil ser laico. Não dá para separar o Estado da Igreja; o partido político, da religião; o cidadão, do religioso. Tudo e todos foram misturados pelas águas impetuosas da “Lava Jato”. Parafraseando Ivan Lins: “...somos todos iguais nessa noite...”. Diante de tantos – e sabidos – escândalos, creio que nesta sexta-feira-santa, cabe uma aula de Ensino Religioso, uma bem básica que terminei de ministrar aos alunos de 6º ano do Ensino Fundamental, na escola em que trabalho: OS PILARES DA SOCIEDADE.
RELIGIOSIDADE, CULTURA, MORAL E ÉTICA. Esses são os pilares de qualquer sociedade, não há como inventar terminologias, acrescentar conceitos, tentar reinventar a roda, não tem jeito, sem RELIGIOSIDADE, sem CULTURA, sem MORAL e sem ÉTICA, NENHUMA SOCIEDADE SOBREVIVE. Sem esses suportes, toda e qualquer sociedade, das menores, como sociedades eclesiásticas, partidárias, acadêmicas, (...), até as maiores, como grandes empresas, indústrias, (...), todas desmoronam sem essas colunas de sustentação. Essas micro sociedades formam o corpo da GRANDE SOCIEDADE BRASILEIRO – trazendo a prosa pro nosso colo.
Vou apresentar um resumo das aulas que ministrei no 1º bimestre para as cinco turmas de 6º ano do Ensino Fundamental, na Escola Estadual Maria Ivone de Araújo Leite em Itacoatiara, mas claro, sem a dinâmica de estar em classe. Fica óbvia, também, a mudança de linguagem; aqui não é uma sala de aula e você não está no 6º ano. Então vamos lá.
RELIGIOSIDADE – Etimologicamente, o termo quer dizer: QUALIDADE DO RELIGIOSO OU DA RELIGIÃO que se professa, só isso! Mas essa definição aparentemente pobre, carrega uma profundidade estupenda quando buscamos por essa “qualidade”. Mesmo com o rogo constitucional de que em seu texto no “art. 19, inciso I, preconiza que é vedado ao Poder Público estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.” Ou seja “Por força desses dispositivos constitucionais, diz-se que o Brasil é um Estado laico, onde há liberdade religiosa.”.
E é dentro desse ditame constitucional que a RELIGIOSIDADE se torna um dos PILARES SOCIAIS. Segundo o Censo de 2010, no Brasil, existem 98% de religiosos. Trazendo isso pra números atuais, segundo o IBGE, o País possui atualmente, 207.345,295 – duzentos e sete milhões, trezentos e quarenta e cinco mil e duzentos e noventa e cinco brasileiros (dados de quando escrevi o texto). Projetando o mesmo percentual de religiosos (90,50%) existentes do País, teríamos um número superior aos 187 milhões de brasileiros que declaram-se religiosos. Mas ai vem a pergunta do pastor: QUAL A QUALIDADE DESSES RELIGIOSOS? SERÁ QUE SABEM REALMENTE O QUE PRETENDE UMA RELIGIÃO? SERÁ QUE ENTENDEM O QUE É SER UM RELIGIOSOS? Acho que não sabem.
Na contra mão desse “País” religioso, encontramos a lamentável informação que o Brasil está em 76º (septuagésimo sexto) lugar no ranking dos países mais corruptos do mundo. Essa informação, postada dessa maneira, tem a intenção de afastar você da verdadeira posição do Brasil na lista negra dos países mais corruptos do mundo. Afirmo isso, porque a lista é veiculada de maneira a confundir a real situação do País. Observem a informação encontrada no site da transparency.org; segundo a entidade, o País mais corrupto do mundo é a Somália com apenas 8 (oito) pontos no ranking dos “menos corruptos”, na escala do Transparency: 1º – Somália – 8pts; Já o Brasil, estaria, segundo a mesma agência, em 76º lugar; porém na pontuação estabelecida nosso País tem apenas 38 pontos no ranking dos “menos corruptos”, 30 pontos menos que a Somália. Então, no meu entendimento, não estamos 76º lugar entre os menos corruptos, mas sim, entre os 30 mais corruptos, apenas 30 pontos abaixo da Somália. Porém, com as últimas revelações da “Lista do Fachin”, devemos chegar pertos dos “brous”.
Esse é o panorama da RELIGIOSIDADE brasileira, infelizmente, extremamente corroída pela ganância financeira. Tal ganância não poupou nenhuma credo religioso. Alguns líderes religiosos sucumbiram aos encantos de Mamon. Torno a perguntar: QUAL A QUALIDADE DOS RELIGIOSOS BRASILEIROS? Não é boa, em sua maioria.
A RELIGIOSIDADE determina o fim da corrupção em um país; um bom religioso não aceita nenhum tipo de suborno, sua religião não permite. Essa negação ao mal e aos atos maus, que faze a diferença entre um religioso e outro.
Usar o nome Deus como amuleto para livrar-se ou esconder-se da justiça não funciona. Não funciona porque quem pratica o mau, quem é mal, não conhece a DEUS, nem sabe seu nome. Não mesmo.
Mas você pode nesse momento estar tentando justificar sua qualidade como religioso, dizendo que nada tem a ver com “essa roubalheira praticada pelos políticos brasileiros”, engano seu. Nós todos temos, porque os elegemos, todos nós brasileiros, não importando o credo que professamos, somos responsáveis pelo estado lastimável do País, pois nós elegemos aqueles ladrões, nós os mantivemos e ainda mantemos no poder durante todos esses anos, nós fizemos campanha, fomos às ruas, pedimos votos, muitos até compraram votos... todos somos péssimos religiosos. Nossa religiosidade é de má qualidade.
Diante da ferida exposta pela Operação Lava Jato, posso afirmar que precisamos rever nossos valores religiosos, o brasileiro precisa rever qual é realmente sua religião, precisa saber o que o está religando com o Divino.
Reflita sobre isso: QUAL SUA QUALIDADE ENQUANTO RELIGIOSO?
Fim da primeira aula.
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Abaixo dados mais atuais do quadro de corrupção mundial.
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