Fonte: Revista Veja |
ATO NÚMERO UM: “A FORMA MAIS
RADICAL DO PODER CONSTITUINTE”.
Acredito que o caos pelo qual
passa o País tem sua origem bem antes do regime civil, em minha opinião ele se
inicia dentro do próprio regime militar, que governou o Brasil de 1964 até 1985.
Tudo começa com o Ato Institucional Número Um ou AI-1 que foi
assinado em 9 de abril de 1964 pela junta militar, autodenominada
Comando Supremo da Revolução, composta pelo general do exército Artur
da Costa e Silva, tenente-brigadeiro Francisco de Assis Correia
de Melo e vice-almirante Augusto Hamann Rademaker Grünewald,
que também eram ministros de Ranieri Mazzilli e que de fato exerciam o poder
durante o segundo período de Ranieri que foi Presidente do Brasil “por treze
dias, de 2 de abril de 1964 logo após a deposição de João Goulart pelo
Congresso, até 15 de abril de 1964”. O AI-1 foi redigido por Francisco
Campos e seu objetivo era afastar qualquer forma de oposição ao novo regime
militar e tentar legitimar o golpe militar.
Abaixo, trechos dos primeiros
parágrafos do AI-1:
“…É
indispensável fixar o conceito do movimento civil e militar que acaba de abrir
ao Brasil uma nova perspectiva sobre o seu futuro. O que houve e continuará a
haver neste momento, não só no espírito e no comportamento das classes armadas,
como na opinião pública nacional, é uma autêntica revolução.”
“A
revolução se distingue de outros movimentos armados pelo fato de que nela se
traduz não o interesse e a vontade de um grupo, mas o interesse e a vontade da
Nação.”
“A
revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constituinte. Este se
manifesta pela eleição popular ou pela revolução. Esta é a forma mais
expressiva e mais radical do Poder Constituinte. Assim, a revolução vitoriosa,
como Poder Constituinte, se legitima por si mesma.”
ATO NÚMERO DOIS: O INIMIGO VEM
DE DENTRO
Na tentativa de organizar o País,
o regime militar, depois de perder as eleições em Minas Gerais, com Israel
Pinheiro e na Guanabara com Negrão de Lima, o poder dominante, baixou o segundo
Ato Institucional, o AI-2, que entre outras coisas determinou o fim do
pluripartidarismo. Devido a esse fato o País ficou por 12 anos, entre 1966 até
1979, sob o regime bipartidarista, ou seja, só existiam dois partidos disputando
eleições em todo o Brasil, a Aliança Renovadora Nacional – ARENA, partido
formado por políticos alinhados ao regime militar e o Movimento
Democrático Brasileiro – MDB, formado por políticos aparentemente opositores ao
regime militar. Foi assim, que “em 1966 os partidos extintos no ano
anterior (UDN, PSD, PTB, PSB, PSP, entre outros) foram obrigados a se
reorganizar em dois grupos: um alinhado com o regime militar (a ARENA) e outro
na oposição consentida (o MDB). Como os políticos mais à esquerda e
nacionalistas haviam sido cassados com os decretos do AI-1 e AI-2, logo após o
golpe, sobraram apenas os considerados mais "dóceis" aos olhos do
regime. Os políticos conservadores (a maioria da UDN, mas também alguns do PSD)
formaram a ARENA, enquanto os de centro-esquerda e liberal-democratas se
juntaram ao MDB” – que mais tarde se tornaria PMDB.
“As eleições sob o bipartidarismo
foram rigorosamente controladas, para dificultar a vitória da oposição e
garantir a maioria absoluta da ARENA no Senado e na Câmara dos Deputados. Em
1966, a ARENA elegeu 19 dos 22 governadores elegíveis (além de quatro nomeados
diretamente pelo presidente da República). O controle se ampliou a partir de
1970, quando o regime, com receio de sofrer uma derrota eleitoral e perder a
maioria no Congresso Nacional, criou a figura do "senador biônico"
(nomeado pelo governo, sem a realização de eleições).”
Particularmente não acredito na
oposição institucionalizada ao regime militar, nem acredito na total ferocidade
política imposta por eles, afinal de contas os militares permitiram que
existissem opositores, esse fato fictício pode ser melhor entendido com uma
anedota comum à época, que dizia: “No Brasil há dois partidos, o ‘partido do
sim’ – MDB e ‘o partido do sim senhor’ – ARENA”. Uma clara sugestão de
submissão dos grupos políticos envolvidos naquele momento histórico.
O mais interessante disso tudo é
que quando da “abertura” política de 85, promovida pelo regime militar se deu,
os vencedores foram Tancredo Neves e José Sarney, ambos do PMDB – Partido do
Movimento Democrático Brasileiro. Após a rápida morte de Tancredo, que nem
chegou a ser empossado, segundo o ex-senador Pedro Simon, testemunha ocular dos
fatos, as Forças Armadas obrigaram a posse do recém peemidebista José Sarney
(que abandonou a legenda Democrata Social (pDS), filiando-se ao pMDB, para ser
vice de Tancredo), não aceitando a imposição constitucional que dizia que em
casos como aquele quem deveria assumir o poder presidencial era o Presidente da
Câmara Federal, naquele episódio Ulysses Guimarães – oposicionista claro ao
regime. Parece que o próprio exército construiu seu “Cavalo de Tróia”.
ATO “FINAL”: ABERTURA POLÍTICA
OU ABERTURA DE PERNAS?
Em certa manhã de 1980, o
presidente João Batista de Figueiredo proferiu, no Palácio no Planalto, uma
espécie de profecia a seus ministros, que possivelmente esteja se cumprindo nestes
dias atribulados de governo civil. Com os olhos postos no futuro e em nome de
uma brisa que insinuava uma maturidade democrática, com a Lei de Anistia em
1981 e mais tarde com candidaturas civis à “Presidência, ‘João’ – como era
chamado pelos mais íntimos – finalmente concordara em legalizar a existência do
PT, então clandestino, empurrado pelo carisma de Lula”; mas de fato, esse
protagonismo vinha do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista, que do Partido
dos Trabalhadores.
O vaticínio do velho general foi
feito em tom de advertência:
– “Vocês querem então? Vou
reconhecer esse sindicato como partido, mas não esqueçam que um dia esse
partido chegará ao poder. Lá estando, tudo fará para instituir o comunismo.
Nesse dia vocês vão querer tirá-lo de lá. E para tirá-lo de lá será à custa de
muito sangue”.
Sirvo-me da leitura de inúmeros
textos para registrar que o Presidente, General Figueiredo errou no prognóstico
sobre o PT querer implantar o comunismo no País. Não, não era isso que esse
partido queria fazer, queria roubar e distribuir com seu comparsas, queria a
distribuição de renda maciça e deslavada para servir aos companheiros de roubo,
durante 13 anos de poder, entres esses companheiros ladrões, está o mesmo
partido que os militares deixaram assumir o os rumos políticos da Nação nos
idos da década de 80, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB.
POSLÚDIO: UM PAÍS SEM DIREITA
Vou tomar a liberdade, com a devida
citação da fonte, de reproduzir parte da reportagem da revista Veja, que trata
do caos gerado por um País que não possui um segmento político conservador, a
famosa direita. As revelações recentes de empresários que compraram –
literalmente compraram – de presidentes da república até vereadores (em minúsculo
mesmo), comprovam essa anomalia.
“O espectro político brasileiro é
peculiar: na ponta esquerda, tem o jurássico PCO. Passa por socialistas
radicais, como o PSOL e o PSTU, pelos comunistas conformados do PPS, pelos
social-democratas do PT e do PSDB, pela esquerda verde do PV e se encerra no
centro, onde estão PP e DEM. Não há, entre os 27 partidos brasileiros, um que
se assuma como direitista. E o recente anúncio da criação do PSD, que se define
como social-democrata, abre um buraco no DEM e empurra o eixo da política
brasileira ainda mais para a esquerda.
A situação é única. Todas as
grandes democracias do mundo têm ao menos um partido conservador forte, como o
PP espanhol, o Partido Republicano dos Estados Unidos, a UMP francesa e o PDL
italiano. O que teria levado a direita brasileira à lona enquanto, em outros
países, como os vizinhos Chile e Colômbia, ela ocupa o poder máximo? Para
especialistas e políticos ouvidos pelo site de VEJA, a causa está na herança
maldita da ditadura militar.
O primeiro a definir o
conservadorismo como uma doutrina política foi o inglês Edmund Burke, no século
XVII. Esta corrente política considera que os indivíduos realizam as coisas
melhor do que o estado. Que as liberdades individuais devem ser mantidas a todo
o custo. E que os valores tradicionais da sociedade devem ser preservados. Nas
democracias modernas, o conservadorismo se traduz como uma recusa ao estatismo,
a defesa do livre mercado, a proteção da família e a oposição a medidas como a
legalização de drogas e do aborto.
No Brasil, o discurso adotado
pelos partidos políticos pouco se diferencia: todos adotam termos como “justiça
social”, “distribuição de riqueza”, “igualdade”. Obviamente,
ninguém é contra essas bandeiras, mas o linguajar denuncia que todos, por
razões diversas, adotam um vocabulário de esquerda. Expressões como “livre
iniciativa”, “responsabilidade individual” e “valores morais”
raramente são ouvidas pelos corredores do Congresso ou do Palácio do Planalto.
As palavras “social” e “trabalhista” e “socialista”
aparecem na maioria dos nomes das legendas. Há apenas um partido que faz
referência ao liberalismo – o PSL, que, ainda assim, também se diz social – e
nenhum que tenha a expressão “conservador” no nome.”
Mais absurdo de tudo isso é ouvir
de uma turba de ignorantes: “A CULPA É DA DIREITA”!
-----
Fontes:
“http://www.cartapolis.com.br/jornal-leonardo-mota-neto-figueiredo-errou-na-profecia-sobre-o-pt-nao-queria-comunismo-mas-a-deslavada-partilha/
http://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-do-brasil/abertura-politica
http://www.historiacao.com.br/ditadura-militar-no-brasil-arena-mdb-e-bipartidarismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ato_Institucional_N%C3%BAmero_Um
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bipartidarismo#No_Brasil
http://veja.abril.com.br/brasil/o-incrivel-caso-do-pais-sem-direita/”
Nenhum comentário:
Postar um comentário