Entendo perfeitamente que muito do que está escrito na Bíblia é figura de linguagem em suas várias formas. Mas isso não tira a força profética e até divina do que Nela está registrado. Sei também que há uma tremenda diferença entre as inúmeras tradução feitas a partir de um mesmo texto original; também enormes diferenças entre o que dizem os originais gregos e o que se estabelece como verdade no multiverso do idioma hebraico.
Devido essas e muitas outras facetas é que muitas pessoas põe dúvidas nas veracidade das escrituras sagradas.
Eu, em minha limitação de conhecimentos tento entender o que posso e seguir questionar do que não ainda entendo. Nesse caleidoscópio bíblico uma passagem me chama atenção pela beleza mas me assusta pela força, evangelho de Mateus, capítulo 25, dos versos 31 ao 46, quando Jesus se confunde com pobres, famintos, mendigos moribundos, presidiários, necessitados.
Não ponho dúvidas nas profecias bíblicas mesmo entendendo que Ela está cheia de figuras de linguagem. Sei que Jesus, no texto referido, não se encarna na capa humana dos presos, famintos, viajantes, etc., sei que é figurativo e aí está a força do texto, o poder da mensagem, o cerne do ensino. Esse ensino só pode ser apreendido quando somos expostos a outro texto, 1a. Carta de João, capítulo 4, verso 20:
''Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.'' (I João 4:20)
A conclusão se faz inevitável com uma pergunta: se eu, caminhante da vida no século XXI não tenho a menor capacidade de me condoer com o infortúnio de pessoas presentes e visíveis no mesmo espaço temporal que eu, como poderia declarar algum tipo de sentimento verdadeiro por alguém que não vejo e que está para além do entendimento humano? Essa discrepância se apresenta com mais força daqui por diante, pois estamos nos tornando mais virtuais (impessoais).
É de incomodar ter pessoas batendo em nossa porta pedindo ajuda, seja ela dinheiro, comida, ou para sanarmos, dizimarmo, qualquer outra necessidade sua, mas segundo a profecia bíblica essa é a função das ovelhas, dos filhos de Deus, dos benditos do Pai.
(...)
Duas são as lições que podem ser tiradas, a primeira é que não somos diferentes uns dos outros, apenas vivemos momentos vivenciais distintos e oscilantes, a segunda é que para podermos agir dessa forma precisamos olhar para Jesus como um semelhante a nós, um ser humano, caso não entendamos isso viveremos uma existência morta em nossos pseudos poderes, arrogâncias e negação da crença proferida.
Quantos incômodos Jesus já socorremos esse ano?
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