Por mais estranha, agressiva e assustadora
que pareça, essa é uma afirmação bíblica vinda do próprio Deus: “Eu não existo!”.
ELE diz isso a Moisés ainda no deserto, porém as declarações da Sua não
existência vêm desde o início bíblico, nós que não conseguimos lê-las. Temos a
necessidade de identificar pessoas e coisas, muitas vezes nos atemos aos
detalhes sem importância e deixamos passar aqueles que realmente podem ou
poderiam fazer a diferença em nossas vidas, parece que somos contaminados com a
teologia dos outros, com as afirmações dos outros, com os entendimentos
bíblicos dos outros. Isso é tão real, que o “mercado das interpretações
bíblicas” foi um dos que mais cresceu no último século. Interpretações e
interpretes se multiplicam diariamente, tudo pela falta de coragem de lermos
apenas o que está escrito.
(...)
Mas indo ao que interessa. DEUS
NÃO EXISTE e quem fala isso é ELE. O Deus da criação não é identificado no
texto como “ELE”, singular, mas como “NÓS” – ELOHIM, plural (Gênesis
1:1); A ação que cria o ser humano também está no plural, “FAÇAMOS O HOMEM...”;
a referência de humanidade a ser seguida pela criatura não é singular, é
coletiva, “...À NOSSA IMAGEM, CONFORME A NOSSA SEMELHANÇA...” (Gênesis
1:26); Avançando no texto bíblico encontramos esse SER PLURAL identificando-se
– no texto original – como o VERBO ETERNO – SOU; são as traduções
que incluem o pronome pessoal como numa tentativa de trazer o SER a
existência por meio do pronome. Mas parece que não é assim que funciona a
gramática Divina, o SER ETERNO não necessita das definições pronominais
para SER, pois o SER simplesmente É, não importando
quantos É. Mas a nossa linguagem não consegue ser clara sem o uso dos pronomes,
nossa necessidade de identificar os nomes – os pequenos detalhes – nos deixa
amarrados ao nome do SER ETERNO, precisamos de nome, sobrenome e imagem para
sabermos quem é o deus ao qual devemos adorar, servir, nos devotar. Mas o SER
ETERNO diz no deserto que “ele”, o pronome não existe, só existe o SER
ETERNO.
“Sou o
Eterno, Deus que te tirou da terra do Egito, da casa dos escravos. Não terás
outros deuses na Minha presença. Não farás para ti imagens de escultura, figura
alguma do que há em cima, nos céus, abaixo, na terra e nas águas debaixo da
terra.” Êxodo 20:2 e 3 da Bíblia Hebraica.
O texto acima é poderoso nas
proibições. O SER ETERNO proíbe o ser humano de ao menos tentar produzir
qualquer aparência SUA usando referência de quem quer que seja. A ordem é muito
clara: NÃO ME REPRESENTEM PORQUE EU NÃO EXISTO PARA SER REPRESENTADO!
Quando o SER ETERNO
declara que não existem referencias visuais que possam ser usadas na intenção
de fazê-lo existir para dentro da nossa realidade e ainda proíbe tacitamente a
tentativa de ao menos buscar tais referências, ESTÁ na verdade chamando
nossa atenção para outra realidade. O que ELE proíbe é a criação de outra
imagem de SI mesmo. Não, não há erro de concordâncias: ELE NÃO PERMITE QUE
CRIEMOS OUTRA IMAGEM DE SI MESMO.
A busca para referenciar DEUS nos
torna cada vez mais idiotas a ponto de não identificamos que essa referência
já foi feita; ELE mesmo fez isso. Leiam:
“E falou
ELOHIM, façamos o ser humano à NOSSA IMAGEM, conforme a NOSSA
SEMELHANÇA; (...)” Gênesis 1:26a
(...)
NÓS SOMOS A IMAGEM DELE. É
por isso que ELE nos proíbe de buscar outra imagem DELE que não seja
um humano semelhante a NÓS. Qualquer imagem que venha a ser criada
na tola tentativa de representar o SER ETERNO, carrega consigo a
maldição da ignorância e da ineficiência.
Deus realmente não existe fora
das atitudes humanas em direção ao bem estar do outro; Deus não existe fora de
nós. Quando o SER ETERNO diz não existir dentro das referências visuais
humanas ELE também afirma que ao fazer-nos SUA imagem, somos a suprema
referência DELE para o restante da criação, e mais que IMAGEM visual do SER
ETERNO, somos SEMELHANTES a ELE.
Quando não entendemos ou não
praticamos essa verdade, nos tornamos o oposto do SER ETERNO, nos tornamos e
fazemos que os outros se tornarem SERES FINITOS, deixamos de ser LUZ e nos
tornamos sombra, deixamos de ser BEM e nos tornamos mal, perdemos a referência
do BOM e passamos ser a referência do mau, deixamos de ser DEUS e nos tornamos o
Diabo. É por isso que não podemos fazer uma imagem do SER ETERNO, é por isso
que não podemos tirar de nós o que DELE existe em NÓS.
(...)
Ainda não há em mim a perfeição
desejada por mim e pelos meus. Ainda não. Sei que no dia que o último tijolo
desta construção for posto, fazendo-me completo, será o dia em que eu deixarei
esse plano (...). Talvez esse dia esteja chegando. É assim que creio.
(...)
Hoje não tenho medo de dizer que
DEUS não existe. Realmente ele não existe fora de nós, DEUS não existe fora da
humanidade humana, fora da qualidade que nos faz seres humanos e não animais
racionais. DEUS realmente não existe fora, ELE só existe dentro. Dentro de tudo,
sendo ELE o tudo que comporta a SI mesmo; isso ainda é difícil para eu entender
mas é uma verdade.
O DEUS de “fora” de nós só existe
a partir de nós como referência DELE em nós; sem esse DEUS interno não há referência
do SER ETERNO. E quando afirmo isso estou caminhando para além das teimosias
teológicas que afirmam que DEUS é antes e além de todos e de tudo; digo que
essa é uma crença humana que tem a intenção de eliminar nossa responsabilidade
sobre a existência DELE em NÓS. Dizer que DEUS existe sem nós é negar-LHE o
veredito: “SOIS MINHA IMAGEM E MINHA SEMELHANÇA!”
Jesus entendeu isso.
Encarar esse fato, descobrir esse
segredo ainda tão encrustado, me traz a sensação de estar entrando em uma lagoa
quente com águas grossas, densas como uma papa. Algo cheio de vida (...).
Que o SER ETERNO tenha
misericórdia ...
Realmente, DEUS não existe
fora de nós.
Boa semana.
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