O direito de opinião é assegurado
por lei. Cada um pode falar o que desejar desde que assuma o ônus pelo que
disser. Por mais “cruel” que seja isso, é assim que é. Todos podem emitir sua
opinião sobre “o que” e sobre “quem” desejarem. Essa é a tal “liberdade de
expressão”. Somente os sistemas ditatorialistas não permitem e não garantem tal
direito. Mas como estamos em um País democrático e livre, que assegura a todos
os cidadãos brasileiros os direitos de expressão e opinião, quero emitir as
minhas.
Na segunda-feira, um radialista,
o senhor Neto Castro, em sua entrevista com os Procuradores Gerais do Município,
na Rádio Panorama, chamou o ex-prefeito Antônio Peixoto de “leproso,
plantador de abacaxi”. Em minha opinião, além do palavreado chulo e ofensivo,
o radialista mostrou seu total preconceito aos hansenianos e aos plantadores de
abacaxi. Usar uma enfermidade – a lepra – e a atividade de agricultor –
plantador de abacaxi – como forma de ofender a um desafeto político, mostra o
quanto esse radialista é racista e preconceituoso.
Pergunto: será que um hanseniano –
um leproso, termo usado pelo radialista Neto Castro – não é cidadão? Será que
as pessoas que sofrem do Mal de Hansen são “menos gente” que as outras pessoas?
Será que sofrer de hanseníase faz de alguém uma pessoa odiada, mal quista, indesejável,
a esse ponto? Os hansenianos perderam a cidadania por causa de sua enfermidade?
Será que essa enfermidade lhes tira o direito do voto? Será que sofrer dessa
agrura, faz desses seres humanos, pessoas que não mereçam nosso respeito? Esse radialista
não sabe o tamanho do sofrimento de um hanseniano. Esse senhor não tem
capacidade de se condoer com a angústia, com a vergonha, com o desespero de alguém
que se descobre enfermo. A prova está no comentário chulo e desrespeitoso. Usar
enfermidades para ofender pessoas é demonstração clara de preconceito,
intolerância e racismo.
A intolerância está explícita no
vociferar desse radialista, e se manifesta na agressividade com a qual ele trata
a questão homossexual e as liberalidades comportamentais do programa BBB da Rede
Globo.
Na mesma esteira do preconceito, esse
radialista também usou a profissão de agricultor, especificamente os
agricultores que trabalham no cultivo do abacaxi, como se fosse uma atividade “leprosa”,
indesejável, menos digna que as demais profissões. Quanta ignorância. Agricultores
são pessoas dignas, sua profissão pode até ser mais respeitável que outras,
pois esses homens e mulheres trabalham de sol-a-sol, com a mão na terra,
cultivando o solo, para produzirem o que todos nós temos em nossa mesa. As hortaliças
e frutas, os grãos que nos servem de alimento são cultivados por pessoas que
foram ofendidas e desrespeitadas por esse radialista destemperado e ignorante. Será
que ser plantador de abacaxi é ser menos digno que um plantador de couve? Será que
ser um plantador de abacaxi é ser menos trabalhador que um plantador de
cheiro-verde? Será que ser um plantador de abacaxi é ser menos profissional que
um plantador de tomates? Claro que não. E também não é ser menos digno que um
radialista, que um jornalista, que um vereador, que um prefeito. Somos todos dignos
por nossas atividades profissionais. Esses profissionais que foram ofendidos
pelo radialista, são responsáveis por mais de 30 milhões de frutos de abacaxi,
na última safra. Esses homens e mulheres merecem nosso respeito.
A fala do radialista Neto Castro,
carregada de preconceito e direcionada aos hansenianos e aos agricultores que
cultivam abacaxi, poderia e deveria receber uma advertência judicial. Afinal de
contas, não é possível tanto desrespeito.
Essa é minha opinião.
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