"Sempre fomos livres nas profundezas de nosso coração, totalmente livres, homens e mulheres.
Fomos escravos no mundo externo, mas homens e mulheres livres em nossa alma e espírito."
Maharal de Praga (1525-1609)

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

ESSA É MINHA OPINIÃO



O direito de opinião é assegurado por lei. Cada um pode falar o que desejar desde que assuma o ônus pelo que disser. Por mais “cruel” que seja isso, é assim que é. Todos podem emitir sua opinião sobre “o que” e sobre “quem” desejarem. Essa é a tal “liberdade de expressão”. Somente os sistemas ditatorialistas não permitem e não garantem tal direito. Mas como estamos em um País democrático e livre, que assegura a todos os cidadãos brasileiros os direitos de expressão e opinião, quero emitir as minhas.

Na segunda-feira, um radialista, o senhor Neto Castro, em sua entrevista com os Procuradores Gerais do Município, na Rádio Panorama, chamou o ex-prefeito Antônio Peixoto de leproso, plantador de abacaxi. Em minha opinião, além do palavreado chulo e ofensivo, o radialista mostrou seu total preconceito aos hansenianos e aos plantadores de abacaxi. Usar uma enfermidade – a lepra – e a atividade de agricultor – plantador de abacaxi – como forma de ofender a um desafeto político, mostra o quanto esse radialista é racista e preconceituoso.

Pergunto: será que um hanseniano – um leproso, termo usado pelo radialista Neto Castro – não é cidadão? Será que as pessoas que sofrem do Mal de Hansen são “menos gente” que as outras pessoas? Será que sofrer de hanseníase faz de alguém uma pessoa odiada, mal quista, indesejável, a esse ponto? Os hansenianos perderam a cidadania por causa de sua enfermidade? Será que essa enfermidade lhes tira o direito do voto? Será que sofrer dessa agrura, faz desses seres humanos, pessoas que não mereçam nosso respeito? Esse radialista não sabe o tamanho do sofrimento de um hanseniano. Esse senhor não tem capacidade de se condoer com a angústia, com a vergonha, com o desespero de alguém que se descobre enfermo. A prova está no comentário chulo e desrespeitoso. Usar enfermidades para ofender pessoas é demonstração clara de preconceito, intolerância e racismo.

A intolerância está explícita no vociferar desse radialista, e se manifesta na agressividade com a qual ele trata a questão homossexual e as liberalidades comportamentais do programa BBB da Rede Globo.

Na mesma esteira do preconceito, esse radialista também usou a profissão de agricultor, especificamente os agricultores que trabalham no cultivo do abacaxi, como se fosse uma atividade “leprosa”, indesejável, menos digna que as demais profissões. Quanta ignorância. Agricultores são pessoas dignas, sua profissão pode até ser mais respeitável que outras, pois esses homens e mulheres trabalham de sol-a-sol, com a mão na terra, cultivando o solo, para produzirem o que todos nós temos em nossa mesa. As hortaliças e frutas, os grãos que nos servem de alimento são cultivados por pessoas que foram ofendidas e desrespeitadas por esse radialista destemperado e ignorante. Será que ser plantador de abacaxi é ser menos digno que um plantador de couve? Será que ser um plantador de abacaxi é ser menos trabalhador que um plantador de cheiro-verde? Será que ser um plantador de abacaxi é ser menos profissional que um plantador de tomates? Claro que não. E também não é ser menos digno que um radialista, que um jornalista, que um vereador, que um prefeito. Somos todos dignos por nossas atividades profissionais. Esses profissionais que foram ofendidos pelo radialista, são responsáveis por mais de 30 milhões de frutos de abacaxi, na última safra. Esses homens e mulheres merecem nosso respeito.

A fala do radialista Neto Castro, carregada de preconceito e direcionada aos hansenianos e aos agricultores que cultivam abacaxi, poderia e deveria receber uma advertência judicial. Afinal de contas, não é possível tanto desrespeito.

Essa é minha opinião.

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