"Sempre fomos livres nas profundezas de nosso coração, totalmente livres, homens e mulheres.
Fomos escravos no mundo externo, mas homens e mulheres livres em nossa alma e espírito."
Maharal de Praga (1525-1609)

domingo, 4 de maio de 2014

DIVIDINDO O MILAGRE

Terminada a primeira parte do processo de finalização do livro “Minha verdade sobre o dízimo”, estou retomando aos artigos dos estudos do livro de Marcos. Vamos ao texto.

“Durante aqueles dias, outra grande multidão se reuniu, e as pessoas não tinham nada para comer. Yeshua – Jesus – reuniu os alunos – discípulos – e lhes disse: ‘Sinto pena dessas pessoas porque elas têm estado comigo há três dias, e agora não possuem nada para comer. Se eu as mandar de volta para casa com fome, cairão durante o trajeto de volta; algumas delas percorreram uma longa distância’. Os alunos – discípulos – lhe disseram: ‘Como é possível encontrar pães suficientes para saciar a fome das pessoas em um lugar afastado como este?’. ‘Quantos pães vocês têm?’, ele perguntou. A resposta foi: ‘Sete’. Yeshua – Jesus –, então, disse à multidão que se assentasse, pegou os sete pães, disse uma b'rakhah a, partiu-os e os deu aos alunos – discípulos – para servir ao povo. Também possuíam alguns peixes; dizendo outra b'rakhah b por estes, também ordenou que fossem servidos. As pessoas comeram até ficar satisfeitas; os alunos – discípulos – recolheram as sobras — sete cestos cheios. Cerca de quatro mil pessoas estiveram ali. Depois de despedi-las, Yeshua – Jesus – entrou no barco com os alunos – discípulos – e partiu para o distrito de Dammesek – Damasco.” Marcos 8:1 a 10.

Ao contrário da primeira “multiplicação” de pães e peixes, onde Jesus estimulou a divisão dos alimentos, neste episódio, é o Mestre quem identifica que as pessoas “... não possuem nada para comer...”. Reconhecer a diferença entre os dois milagres pode trazer a todos que identificam essa diferença, um conhecimento melhor quanto ao que Jesus está ensinando.

Diferente, porém igual em sua essência, este segundo momento de divisão de alimentos, conta com um tempero especial. O MILAGRE DIVINO!

Esse tempero milagroso é a diferença entre “um” e “outro” milagre de divisão. No primeiro, o milagre foi humano; todos agiram em misericórdia com o outro e dividiram com todos o que tinham. No segundo, existe a ação direta do Santo em consubstanciar fome em comida.

Porém, a didática é a mesma: DIVIDIR COM O PRÓXIMO O QUE SE TEM.

Se temos comida proveniente dos nossos esforços, fruto do nosso trabalho, temos de dividir com quem não tem – ou não quer ter – condições de trabalhar para obter essa comida. Por sua vez, quem recebe de nós esse alimento humano, deve também repartir com outro, o que recebeu de nós. Mas se nosso alimento é proveniente do Santo que nos envia Seu maná, transformando nossa fome em alimento, enchendo miraculosamente nossa despensa com mantimento, também devemos dividir esse milagre com quem não acredita nele. O Milagre só se efetiva em nossa vida quando é dividido, compartilhado, repartido.

Não importa se o milagre é humano ou divino, ele só se materializa em nossa vida como fruto modificador que nos adoça a boca, quando é dividido com quem tem fome. Simples assim.

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O termo hebraico b'rakhah, que tem sua raiz no termo berekh refere-se ao ato de abençoar com os joelhos, ou “de joelhos”. Mas distante de ser um ritual ridiculamente imaginado como pondo os alimentos debaixo dos joelhos ou na altura dos joelhos, a “benção de joelhos”, está na ORDEM DAS COISAS.

Quando oramos em qualquer posição que não a de “joelhos com o rosto em terra”, nosso intelecto está acima do coração. A leitura para o penitente é: “minha razão primeiro, meu sentimento depois”. Quando nos ajoelhamos, essa ordem se modifica e a leitura passa a ser: “meu coração primeiro, minha razão depois”. É nesta inversão de valores que está a origem do milagre. No texto encontramos “...Sinto pena dessas pessoas...”. Para abençoar precisamos equilibrar e igualar nossas três dimensões humanas, a intelectual, a emocional e a física.

Ao se emocionar com a situação dos famintos, Jesus colocou o coração na mesma altura da cabeça. Ao recitar a bênção sobre os alimentos, ele trouxe a cabeça para o nível do coração. Ao dividir o que possuía ele manifestou fisicamente o milagre.

Pense nisso.
Deus lhe abençoe.

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a, b. b'rakhah – Bênção. A palavra tem origem em berekh (joelho) e apresenta a ligação entre a adoração e o ato de ajoelhar-se. Dizer uma b'rakhah significa abençoar. (Glossário da Bíblia Judaica, editora Vida, 2009).

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