"Sempre fomos livres nas profundezas de nosso coração, totalmente livres, homens e mulheres.
Fomos escravos no mundo externo, mas homens e mulheres livres em nossa alma e espírito."
Maharal de Praga (1525-1609)

domingo, 20 de julho de 2014

REVELADOS POR DEUS, INSPIRADOS POR SATANÁS.

Não sei se esse título seria o melhor. Mas é por aqui, e antes de entrar no ensino do texto, propriamente dito, preciso fazer algumas considerações sobre alguns termos que estão contidos nele.

“REVELADOS POR DEUS”. A intenção é dizer que muitas pessoas tem recebido revelações vindas da parte do ETERNO. O termo ‘revelar’ significa, tirar o véu, ‘desvelar’, mostrar o que é. Em meu entendimento, muitos tem sido ‘revelados’ por Deus. Ou seja, o ETERNO, lhes tem mostrado alguns direcionamentos, situações (...), algo de novo, de desconhecido. Lhes tirou o véu dos olhos e eles passaram a ver o que antes lhes era ‘impossível’.

“INSPIRADOS POR SATANÁS”. O termo ‘inspirar’, significa: ‘Infundir sentimento, emoção, estado de espírito; Impressionar muito, despertando em alguém vontade de criar ou realizar algo; Sofrer influência ou seguir o exemplo de alguém, para realizar algo’. É neste sentido que o título desse artigo foi construído.

Revelada minha intenção, vamos ao texto e ao estudo de hoje.

“Jesus e os alunos – discípulos – continuaram percorrendo as cidades de Cesareia de Filipe. No caminho, ele perguntou a eles: ‘Quem as pessoas dizem que eu sou?’. ‘Alguns dizem que você é João, o Imersor’, eles lhe disseram, ‘outros, que é Elias – Eliyahu –, e há quem afirme: um dos profetas’. ‘E vocês’, ele perguntou, ‘quem dizem que eu sou?’. Kefa respondeu: ‘Você é o Machiach – Messias’. Então Jesus os advertiu de que não dissessem nada, a ninguém, a seu respeito. Ele começou a lhes ensinar que o Filho do Homem deveria suportar muitos sofrimentos, ser rejeitado pelos anciãos, principais Sacerdotes e mestres da Torah. Após isso, seria morto, mas, depois de três dias, ressuscitaria. Ele lhes falou claramente sobre o assunto. Pedro o levou para o lado e começou a repreendê-lo. Entretanto, Jesus se virou e, olhando para os alunos – discípulos – repreendeu Pedro: ‘Afaste-se de mim, Satan! Seu raciocínio procede de uma perspectiva humana, e não do ponto de vista de Deus!’.”. Marcos 8:27 a 33.

Ao deparar-se com a explicação da revelação recebida, Pedro parece não ter entendido absolutamente nada. No evangelho de Mateus capítulo 16, verso 17, Jesus diz a Pedro e aos outros alunos que sua afirmação, era na verdade uma revelação, pois não era produto de nada humano, mas sim, de uma intervenção Divina em sua cognição. A afirmação de que Jesus era o Messias, o filho vivo de Deus, não foi entendida por Pedro.

Como já disse em artigo anterior, no jogo da colocação das palavras, o sentido é torcido e distorcido ao bel prazer do tradutor, e eu me incluo entre esses prováveis “distorcedores”. Isso por que minhas livres traduções de alguns textos da Bíblia, não seguem padrões preestabelecidos, seguem meu entendimento espiritual do que leio. Além disso, em meu coração se estabelece a certeza proveniente de uma relação totalmente desprovida de “prés”. Minha relação com o ETERNO não está baseada em liturgias, nem em dogmas, nem doutrinas, nem em religiões, nem em estereótipos quaisquer. Minha relação com o ETERNO, bendito seja ELE, se estabelece dentro de mim, não mais com certezas, mas com verdades. Sei quem sou e estabeleci como meta de Louvor ao Criador, ser o que serei.

Mesmo ao receber a revelação por parte de ADONAY, que Jesus era o que seria: o FILHO VIVO DE ELOHIM, Pedro não entendeu isso, mesmo depois do possível exaustivo ensino do que significava se um FILHO VIVO – como já expliquei minimamente em artigo anterior.

Nesse assustador momento na vida daquele aluno impetuoso e sincero, agir era imprescindível: “... de modo nenhum isso te acontecerá!”. A força do texto em hebraico deixa clara a intenção daquele aluno de impedir a todo custo que seu mestre morresse. Para que você possa entender a força da revolta do aluno, se o episódio tivesse acontecido em nossos dias, o gesto retrucante de Pedro seria acompanhado pela enfática frase: “... nem pelo c%$#@&*, você vai morrer. Eu não vou deixar...”. A repreensão de Pedro a Jesus foi completamente natural, não há nada de diferente, nem nada de estranho, muito menos de demoníaco. O gesto de Pedro foi completamente natural, totalmente humano, movido pela mesma pureza que o capacitou ser o receptor da revelação Divina.

Porém, o efeito do seu ato/gesto, registrado em palavras escritas durante dois mil anos, foi da mesma forma divina, repelido pelo santo professor. Afaste-se de mim, satan!” Quanta dureza, quanta força, quanta frieza vinda da parte de um bondoso professor. Bondoso sim, mas uma pessoa direta e objetiva, sabia o que queria, sabia para onde ia, sabia onde queria chegar.

A religião ocidental, desestudada e desentendida das verdades bíblicas, sobretudo daquelas oriundas da verdades sócio/religiosa/cultural do judaísmo, transformou o adjetivo “satan” em um ente “Satan”. Isso tem feito uma grande confusão, no mundo inteiro. O mundo religioso criou o ser mas o que existe é o termo, que define uma função. “Satan”, entre outras coisas, significa “aquele que impede”. Naquele momento a emoção de Pedro estava tentando impedir que Jesus cumprisse seu objetivo que era morrer para se tornar o FILHO VIVO. Sem morte não poderia haver Messias; sem morte não poderia haver salvador; sem morte não poderia haver salvação. Jesus não chama Pedro de Satan, chama de satan o que produziu nele um sentimento melancólico e inseguro.

Uma última explicação é necessária. O sentimento apaixonado de Pedro por Jesus, só foi repreendido pelo Mestre, porque o afetou, porque mexeu com ele, porque fez com que questionasse a possibilidade de amar mais que morrer.

Aplicando para nossa vida diária. Muitas vezes o ETERNO nos revela um lindo futuro de vida, de bênção, de paz, amor e tranquilidade. Porém, invariavelmente para que essa nova vida eterna venha a existir, morrer é necessário. Porém não queremos que essa “morte” ocorra, nos tornamos Pedro e deixamos que nossos sentimentos de “vida” nos tire a visão de eternidade, e dizemos em nossas preces que não queremos passar pela morte. Mas não existe outra forma de viver eternamente, se não houver uma morte. Pense nisso.

Qual vida lhe foi revelada? Qual vida o ETERNO lhe mostrou que existe depois da curva? Qual vida você viu diante dos seus olhos em um lampejo instantâneo? Linda, né? Se você acredita que essa vida pode existir para você, saiba que antes dela uma morte é necessária. Isso é irremediável.

Viver para sempre é totalmente diferente de viver eternamente. O para sempre tem a ver com estar vivo; por sua vez, viver eternamente tem a ver com os valores íntimos que nos perpetuam a existência, mesmo depois de nossa vida se for. Se pensarmos assim, morreremos mas continuaremos eternos na vida daquele a quem tocamos com nossa vida. Se não for assim, esse “... raciocínio procede de uma perspectiva humana, e não do ponto de vista de Deus!’.”.


Deus lhe abençoe.

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