Por hábito, por paixão, por necessidade – ou por qualquer
outro motivo que você encontre – eu gosto de escrever o que me vêm ao coração. Na
maioria das vezes escrevo sem endereço certo. Escrevo para fazer pessoas
refletirem, escrevo como forma de reflexão; escrevo. Pouquíssimas vezes meus
textos têm endereço certo; normalmente quando isso ocorre eu nomino o
endereçado – para que tudo fique claro.
Já tem uns dias que não escrevo. Isso se dá pelo momento que
estou passando: mudanças graves, profundas, verdadeiras e definitivas em minha
vida. É assim que sou (...), apesar de exteriormente estar muito parecido com
meu pai, internamente sou também, minha mãe. Para ambos o “ficar só” é
combustível (...), vivo isso desde que me conheço (...), preciso desses
momentos de “ficar desacompanhado” – mas nunca sozinho, jamais ficarei sozinho
de novo (...).
Hoje cedo, checando os meios de comunicações sociais, li um
texto compartilhado pelo mano Beto Beline. Fiz um comentário que gerou em mim a
vontade de escrever de novo. Por isso, essas linhas.
Prefiro ser gente.
Em um mundo que se completa a cada dia, de uma satânica
impessoalidade, de uma diabólica despreocupação com o outro, de um completo
descompromisso com o desenvolver independente do outro, estamos deixando de ser
gente. Estamos deixando as preocupações, pois elas nos amargam a alma; estamos
deixando de nos envolver com a dor alheia, pois elas nos doem mais – e já nos
basta nossa dor (...), estamos vivendo de cabeça baixa, sem olhar ninguém nos
olhos. Estranho isso.
Ter vivido no interior, me fez aprender a valorizar o “olho
no olho”, o visitar dos amigos, o “jogar conversa fora...” aqui em Manaus,
tenho poucos que compartilham isso (...). Mas essa impessoalidade é crônica,
uma epidemia que se alastra de forma galopante, assustadoramente rápida. Essa
doença está nos transformando em zumbis; estamos deixando de ser gente.
Estamos morrendo de medo do que pode nos acontecer, temos
medo dos que chegam perto de nós, estamos apavorados com as fatalidades. Isso tudo
– e mais algumas coisas – nos afastam dos contatos com as pessoas e acabamos
nos isolando, nos tornando menos gente a cada dia.
Estar desacompanhado não é deixar de ter contato com
pessoas. O convívio com as “gentes” deve nos alimentar, a inter-relação deve nos
mover a construção de um mundo menos impessoal.
Nasci em um lar evangélico, me criei num ambiente
evangélico, cresci e me desenvolvi nesse meio. Vem dele minhas mais profundas
dores, mas também, é dele que vem meu mais profundo e sincero amor. Amor por
pessoas, amor pela vida, amor por Deus, amor por tudo que me faz bem. Simples
assim.
Mas deixei de ser evangélico, não por causa das dores que me
causou, mas porque descobri que nenhuma religião me torna o que devo ser. Deixei
a religião porque ela não me significa o ser gente. Deixei a religião por ver –
diariamente – que ela é a promovedora das guerras, dos desamores, das
diferenças, de tudo que nos afasta um do outro.
Deixei de ser religioso, para sempre. Prefiro ser gente,
eternamente,
Mais uma vez: Simples assim.
Boa semana.
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