"Sempre fomos livres nas profundezas de nosso coração, totalmente livres, homens e mulheres.
Fomos escravos no mundo externo, mas homens e mulheres livres em nossa alma e espírito."
Maharal de Praga (1525-1609)

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

REFLEXÕES SOBRE O AMOR – parte V

... e Paulo continua dizendo o que não é amor e insinua o que pode ser amor. Ele diz que o amor:

“Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;” I Coríntios 13:5 (texto extraído da versão bíblica Almeida Corrigida e Fiel)

Novamente o apóstolo inicia afirmando que o amor “não é”. Não é indecente, não é interesseiro, não é irritadiço e não “suspeita mal”; ou seja, nos dias de hoje, com base nas afirmações do apóstolo, seria fácil dizer que: “quem ama é leso.”.

Para podermos entender o que Paulo está dizendo, precisamos conhecer um pouco, minimamente, dos significados dos termos usados.

O amor não é indecente. Decente é aquele que possui decoro, que é honesto; por sua vez, aquele a quem faltam essas qualidades é indecoroso – obsceno – desonesto. Me salta aos olhos o termo “honesto” e seu antônimo, “desonesto”. O que seria a honestidade?

Honestidade pode ser manifesta por meio da satisfação com o que fazemos. O Rabino de Lizensk dizia que: “Quando uma pessoa deixa de ficar satisfeita com seu negócio ou com sua profissão, é certamente um sinal de que não o está conduzindo honestamente.”. Essa definição de honestidade se aplica em todas as outras áreas, principalmente nas relações afetivas. Amamos quando estamos plenamente satisfeitos na e com a relação; satisfeitos com nosso parceiro ou parceira; caso isso não esteja acontecendo e a relação persista, estamos sendo desonestos, ou seja, indecentes.

Mas com quem estaríamos sendo indecentes – desonestos? Em primeiro lugar conosco mesmo e depois com quem nos acompanha. Essa falta de satisfação é o que Paulo chama de “amor” não decente.

Paulo continua sua definição de amor, dizendo que ele, o amor, não é interesseiro – “não busca os seus interesses”. Essa segunda “definição” está intimamente ligada à primeira; isso porque quando o amor é honesto, ele também é desinteressado. Esse interesse próprio, tem a ver com a auto satisfação, o “primeiro o meu, depois o teu”. Amor desinteressado abre mão do parceiro ou parceira insatisfeito por saber que não vale a pena ser egoísta. Quem ama, ama.

Esse “abrir mão”, não causa irritação, não frustra, não gera impaciência. É estranha essa definição de amor do apóstolo; um negativo positivo que define o maior sentimento do mundo.

Suspeitar, supor, pressentir, prever, desconfiar – mal, de quem divide a vida conosco não é ato de amor. Mas ser leviano, imoral, aproveitando-se da credulidade do ente que conosco divide a vida também não é amor. Nessa guerra entre prever a traição e trair, aquietar parece ser a única alternativa, já que o amor é um “leso”, dá a cara a tapas, anda a segunda milha, entrega o que lhe resta...

É no discurso de Paulo aos romanos, que encontramos a solução para essa guerra infindável entre traidores e traídos. Diz assim o texto:

“Portanto, cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus. Paremos, então, de julgar os outros! Em seu lugar, façam este julgamento: não ponham uma pedra de tropeço, nem uma armadilha no caminho de seu irmão.” Romanos 14:12 e 13.

Em outras palavras: “acredite” na lorota do ente que lhe mente, deixe que ele se entenda com o ETERNO, Senhor de todos. Entregue a DEUS esse ente que você acha que lhe trai, não carregue em si o que lhe mata, a dor, o dissabor, a angústia, o ódio, a suspeita, a irritação, a desgraça, a tragédia. Entregue a DEUS a possibilidade de lhe vingar, se esse for o caso. Mas saiba de uma coisa, ELE só aceitará essa entrega para vingar-lhe, se ela for feita em amor.

***

Existe uma historieta própria dos quarteis. “Um comandante disse aos recrutas que iriam tirar serviço naquela noite: ‘Recrutas, aquele que for pego dormindo em serviço será preso! Portanto, não parem, pois quem para, encosta, quem encostar, senta, quem sentar, deita, quem deitar, dorme. Então, não parem!’.”

Creio que a mesma máxima pode ser aplicada na afirmação de Paulo sobre o amor. Acho que ficaria mais ou menos assim: NÃO JULGUE, PORQUE QUEM JULGA, SUSPEITA MAL, QUEM SUSPEITA MAL, SE IRRITA, QUEM SE IRRITA, É EGOÍSTA – SÓ BUSCA SEU PRÓPRIO INTERESSE, QUEM É EGOÍSTA, NÃO É HONESTO – DESCENTE, QUEM É DESONESTO – SE PORTA COM INDECÊNCIA, NÃO AMA!

Acho que é assim. Simples, assim.

Em silêncio ...


Nele, que a ninguém julga e a todos ama.

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