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É isso mesmo, prefiro CONFIAR a
ter Fé. Poucas pessoas nesse universo religioso querem saber de fato a origem
daquilo que creem; menos ainda, os líderes que ensinam invencionices ancestrais.
Isso porque mudar dá trabalho, leva tempo, é desgastante e muitas vezes
frustrante; é preciso “passar o atestado” de herege, de desviado, de
blasfemo, de louco.
(...)
No entanto, outras pessoas, indo
na direção contrária ao fluxo da ignorância religiosa questionam tudo lhes
causa incômodo, toda e qualquer informação que lhes traga dúvida. Esses recebem
a pecha de “Tomé”, os eternos duvidantes, aqueles que foram possuídos
pelo “espírito maligno da dúvida”. Mas eu “pago o preço” com
muito prazer.
Em 2004 escrevi um ensaio sobre a
“fé”, chamado “Água da Pedra”, um trabalho que tentava mostrar que o “caminho
da fé” seria feito em algumas etapas e para isso evoquei o patriarca Abraão
e seu caminho, da promessa feita por DEUS até a concretizada em Jacó e seus
filhos. Mas por razões que pertencem somente ao TODO PODEROSO, esse ensaio
nunca saiu de uma das prateleiras da minha biblioteca – ainda em sua forma
original, impresso e encadernado artesanalmente. Muito anos depois, resolvi
rever o que havia escrito e percebi o quanto eu havia torcido fatos bíblicos
por desconhecer a história. Então retornei aos estudos sobre a “fé”. Ei um
resumo do que encontrei.
EM 300 E.C, UMA MENINA CHAMADA
FÉ.
No ano de 303, aproximadamente, o
imperador romano Diocleciano, em sua cruzada contra os seguidores dos ensinos
de Jesus, teria invadido uma pequena vila francesa conhecida hoje por Conques.
Lá, segundo relatos, os soldados do imperador teriam estuprado, torturado e assassinado
uma menina de aproximadamente 13 anos, que segundo registros históricos, mesmo
diante de tanta crueldade não teria negado sua confiança nos ensinos do
Messias; seu nome, segundo esses mesmos relatos, era Fé. A morte da garota Fé, teria
se dado em outubro daquele ano.
Outro registro sobre a menina Fé pode
ser encontrado em um sitio na internet dedicado à devoção aos mártires da
igreja católica, que assim relata:
“A pequena
Fé, nascida em uma rica família de Agen, foi convertida ao catolicismo pelo
bispo São Caprasio. Tinha 12 anos quando eclodiu a perseguição de Diocleciano.
O prefeito Daciano mandou prendê-la e não conseguindo convencê-la a sacrificar
aos ídolos, fez com que ela fosse colocada sobre uma chapa de ferro em brasa.
Uma tempestade providencial apagou o fogo, e finalmente a pequena Fé foi
decapitada. Sua vida está relatada em um poema do século XII, conhecido como “A
Canção de Santa Fé”.
* O segundo
relato me parece estranho, pois o catolicismo só existiu depois da unificação
entre religião e estado promovida por Constantino I, depois de se fazer
imperador romano.
O episódio atroz teria sido mais
um entre os milhares promovidos pelos perseguidores dos discípulos de Jesus, se
alguns anos depois, por meio de um édito, Constantino I decretou que todos os
atos de devoção extrema seriam chamados de “FÉ”, em homenagem a menina de
Conques; fato plenamente conhecido por ele, já que servira a Diocleciano como
um de seus oficiais.
Depois que Constantino tornou-se
imperador e afirmara ter-se convertido a religião do profeta Jesus, passou a
ditar as regras religiosas e doutrinárias; Os livros Bíblicos, principalmente
os compunham o Novo Testamente sofreram a interferências do imperador,
possivelmente a principal delas foi que passaram a possuir em seu corpo textual
o termo “fé”, no lugar do verbo confiar.
Um estudo acadêmico profundo da
historicidade do Livro “Aos Hebreus” – a conhecida epístola de Hebreus –,
revela que o capítulo 11 – o capítulo da fé – pode ter sido inserido
depois de sua compilação final. Esse o motivo de existirem 13 capítulos e não
12.
Os relatos acima podem parecer
heréticos para você, mas são verdadeiros. Fé realmente foi uma garota de 12
anos que morreu de forma brutal por sua crença nos ensinos do Messias. Hoje em
Conques existe uma abadia em homenagem a ela, a Abadia de Santa Fé.
ANTES, NO DESERTO, “EMUNAH”, CONFIANÇA
EM DEUS.
Não há como dissociar a crença
que a religiosidade ocidental possui no Divino, dos relatos hebreus registrados
no TaNaK – conhecido por nós como o Antigo Testamento – em especial os ensinos
da TORAH – os cinco primeiros livros da Bíblia ocidental conhecidos como “Pentateuco”.
É nesse momento histórico iniciático, no livro de Shemot – “Os Nomes”
–, conhecido como o livro de Êxodos, que se encontra pela primeira vez o
verbo “confiar” ou sua ação, a “confiança” – Êxodo 17:12.
O episódio relatado dos versos 8
até o 16, mostra uma batalha campal entre um rei chamado Ameleque e os hebreus.
Diz o Shemot, que Moisés, o levita libertador do povo hebreu, subiu a um lugar
alto de onde pudesse ser visto por todos que pelejavam; diz o texto:
“Então veio
Amaleque, e pelejou contra Israel em Refidim. Por isso disse Moisés a Josué:
Escolhe-nos homens, e sai, peleja contra Amaleque; amanhã eu estarei sobre o
cume do outeiro, e a vara de Deus estará na minha mão. E fez Josué como Moisés
lhe dissera, pelejando contra Amaleque; mas Moisés, Arão, e Hur subiram ao cume
do outeiro. E acontecia que, quando Moisés levantava a sua mão, Israel
prevalecia; mas quando ele abaixava a sua mão, Amaleque prevalecia. Porém as
mãos de Moisés eram pesadas, por isso tomaram uma pedra, e a puseram debaixo
dele, para assentar-se sobre ela; e Arão e Hur sustentaram as suas mãos, um de
um lado e o outro do outro; assim ficaram as suas mãos firmes até que o sol se
pôs. E assim Josué desfez a Amaleque e a seu povo, ao fio da espada.”
Êxodos 17:8 a 13 (Destaque meu no verso 12)
O verso em destaque contém, na
versão hebraica, a primeira referência clara do verbo “emunah”, CONFIAR.
Nele, no verbo, estão registrados os atos de confiança:
a) de Moisés
que obedeceu a ordem Divina;
b) de Josué,
que seguiu suas ordens, e
c) do povo que
confiava nele, Moisés, por ver que ele estava intercedendo por eles naquela batalha.
d) Além
desses, Arão e Hur que viram a necessidade de socorrer Moisés na hora do
cansaço, providenciando um assento e apoiando seus braços para que o povo
continuasse vendo o ato de seu líder.
Mesmo que “emunah” – CONFIAR,
tenha sido traduzida pelos primeiros teólogos como “apoiar”, essa
tradução não carrega o profundo significado do verbo. “Emunah” não é
apoiar , é confiar o que se faz, é: demostrar confiança tendo como
base a experiência proveniente de conhecimento.
O verbo “emunah” carrega
consigo a necessidade da experimentação, do conhecimento; ou seja: SÓ
CONFIA, QUEM EXPERIMENTA; SÓ CONFIA QUEM CONHECE. É exatamente essa a afirmação
do Apóstolo Paulo, quando estimula essa atitude aos seguidores do Messias em
Roma:
“Portanto,
pelo fato de sermos considerados justos diante de DEUS por causa de nossa
confiança; continuamos a ter shalom com DEUS por meio de nosso senhor Jesus, o
Messias. Também por meio dele, e com base em nossa confiança, obtivemos acesso
à sua graça, na qual permanecemos; dessa forma, alegramo-nos com a esperança de
experimentar a glória de DEUS. Mas não apenas isso: alegremo-nos também por
nossas dificuldades, porque sabemos que as dificuldades produzem resistência,
resistência produz caráter, e caráter produz esperança; e essa esperança não nos
decepciona, porque o amor de DEUS por nós já foi derramado em nosso coração,
pelo Ruach HaKodesh que nos foi outorgado.” Romanos 5:1 a 5 – Bíblia Judaica
Completa.
O Apóstolo sabia do que falava.
Pena que o clero constantiniano
acrescentou termos novos e mudou propositalmente muitos dos termos originais
para fazer valer seus éditos, palavras gregas e latinas foram cunhadas na
tentativa de santificar seu ato torpe de adulterar a Palavra. Dois dos mais
comuns são os neologismos: “cristo”, originado no termo grego “cresto”,
que significa “uma boa pessoa”, e “pisteus”, termo cunhado com a
intenção de enraizar nas Sagradas Escrituras o nome da menina Fé, morta por seu
antecessor no comando de Roma.
Tais afirmações podem ser
estranhas para você, mas são verdades que modificaram totalmente minha forma de
ler e observar o mover de DEUS na história.
Mas, caso você ainda esteja em
dúvida quando agir com CONFIANÇA em DEUS a ter fé n’Ele, lhe proponho um teste.
Saiba que tudo que tem envolve os
atos do SENHOR, é VERBO. Exemplo: ELE identifica-se a Moisés como “EU SOU ...”
(verbo ser); o Messias é declarado por João como SENDO o Palavra (verbo ser);
(...). Confiar é um verbo que pode ser conjugado em qualquer tempo, de qualquer
modo, e por todos as pessoas. Agora, tente conjugar fé. Impossível. Fé não é
conjugável por que não é verbo é nome próprio, identifica alguém e não um
sentimento, uma atitude, um comportamento.
Por isso, dentre tantos outros
fatores que não foram mencionados neste texto, que eu PREFIRO CONFIAR A TER FÉ.
“Por cuja
causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho
crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele
dia.” (II Timóteo 1:12)
Boa reflexão.
Deus seja conosco.