"Sempre fomos livres nas profundezas de nosso coração, totalmente livres, homens e mulheres.
Fomos escravos no mundo externo, mas homens e mulheres livres em nossa alma e espírito."
Maharal de Praga (1525-1609)

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

PREFIRO CONFIAR A TER FÉ.

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É isso mesmo, prefiro CONFIAR a ter Fé. Poucas pessoas nesse universo religioso querem saber de fato a origem daquilo que creem; menos ainda, os líderes que ensinam invencionices ancestrais. Isso porque mudar dá trabalho, leva tempo, é desgastante e muitas vezes frustrante; é preciso “passar o atestado” de herege, de desviado, de blasfemo, de louco.
(...)
No entanto, outras pessoas, indo na direção contrária ao fluxo da ignorância religiosa questionam tudo lhes causa incômodo, toda e qualquer informação que lhes traga dúvida. Esses recebem a pecha de “Tomé”, os eternos duvidantes, aqueles que foram possuídos pelo “espírito maligno da dúvida”. Mas eu “pago o preço” com muito prazer.

Em 2004 escrevi um ensaio sobre a “fé”, chamado “Água da Pedra”, um trabalho que tentava mostrar que o “caminho da fé” seria feito em algumas etapas e para isso evoquei o patriarca Abraão e seu caminho, da promessa feita por DEUS até a concretizada em Jacó e seus filhos. Mas por razões que pertencem somente ao TODO PODEROSO, esse ensaio nunca saiu de uma das prateleiras da minha biblioteca – ainda em sua forma original, impresso e encadernado artesanalmente. Muito anos depois, resolvi rever o que havia escrito e percebi o quanto eu havia torcido fatos bíblicos por desconhecer a história. Então retornei aos estudos sobre a “fé”. Ei um resumo do que encontrei.

EM 300 E.C, UMA MENINA CHAMADA FÉ.
No ano de 303, aproximadamente, o imperador romano Diocleciano, em sua cruzada contra os seguidores dos ensinos de Jesus, teria invadido uma pequena vila francesa conhecida hoje por Conques. Lá, segundo relatos, os soldados do imperador teriam estuprado, torturado e assassinado uma menina de aproximadamente 13 anos, que segundo registros históricos, mesmo diante de tanta crueldade não teria negado sua confiança nos ensinos do Messias; seu nome, segundo esses mesmos relatos, era Fé. A morte da garota Fé, teria se dado em outubro daquele ano.

Outro registro sobre a menina Fé pode ser encontrado em um sitio na internet dedicado à devoção aos mártires da igreja católica, que assim relata:
“A pequena Fé, nascida em uma rica família de Agen, foi convertida ao catolicismo pelo bispo São Caprasio. Tinha 12 anos quando eclodiu a perseguição de Diocleciano. O prefeito Daciano mandou prendê-la e não conseguindo convencê-la a sacrificar aos ídolos, fez com que ela fosse colocada sobre uma chapa de ferro em brasa. Uma tempestade providencial apagou o fogo, e finalmente a pequena Fé foi decapitada. Sua vida está relatada em um poema do século XII, conhecido como “A Canção de Santa Fé”.

* O segundo relato me parece estranho, pois o catolicismo só existiu depois da unificação entre religião e estado promovida por Constantino I, depois de se fazer imperador romano.

O episódio atroz teria sido mais um entre os milhares promovidos pelos perseguidores dos discípulos de Jesus, se alguns anos depois, por meio de um édito, Constantino I decretou que todos os atos de devoção extrema seriam chamados de “FÉ”, em homenagem a menina de Conques; fato plenamente conhecido por ele, já que servira a Diocleciano como um de seus oficiais.

Depois que Constantino tornou-se imperador e afirmara ter-se convertido a religião do profeta Jesus, passou a ditar as regras religiosas e doutrinárias; Os livros Bíblicos, principalmente os compunham o Novo Testamente sofreram a interferências do imperador, possivelmente a principal delas foi que passaram a possuir em seu corpo textual o termo “fé”, no lugar do verbo confiar.

Um estudo acadêmico profundo da historicidade do Livro “Aos Hebreus” – a conhecida epístola de Hebreus –, revela que o capítulo 11 – o capítulo da fé – pode ter sido inserido depois de sua compilação final. Esse o motivo de existirem 13 capítulos e não 12.

Os relatos acima podem parecer heréticos para você, mas são verdadeiros. Fé realmente foi uma garota de 12 anos que morreu de forma brutal por sua crença nos ensinos do Messias. Hoje em Conques existe uma abadia em homenagem a ela, a Abadia de Santa Fé.

ANTES, NO DESERTO, “EMUNAH”, CONFIANÇA EM DEUS.
Não há como dissociar a crença que a religiosidade ocidental possui no Divino, dos relatos hebreus registrados no TaNaK – conhecido por nós como o Antigo Testamento – em especial os ensinos da TORAH – os cinco primeiros livros da Bíblia ocidental conhecidos como “Pentateuco”. É nesse momento histórico iniciático, no livro de Shemot – “Os Nomes” –, conhecido como o livro de Êxodos, que se encontra pela primeira vez o verbo “confiar” ou sua ação, a “confiança” – Êxodo 17:12.

O episódio relatado dos versos 8 até o 16, mostra uma batalha campal entre um rei chamado Ameleque e os hebreus. Diz o Shemot, que Moisés, o levita libertador do povo hebreu, subiu a um lugar alto de onde pudesse ser visto por todos que pelejavam; diz o texto:

“Então veio Amaleque, e pelejou contra Israel em Refidim. Por isso disse Moisés a Josué: Escolhe-nos homens, e sai, peleja contra Amaleque; amanhã eu estarei sobre o cume do outeiro, e a vara de Deus estará na minha mão. E fez Josué como Moisés lhe dissera, pelejando contra Amaleque; mas Moisés, Arão, e Hur subiram ao cume do outeiro. E acontecia que, quando Moisés levantava a sua mão, Israel prevalecia; mas quando ele abaixava a sua mão, Amaleque prevalecia. Porém as mãos de Moisés eram pesadas, por isso tomaram uma pedra, e a puseram debaixo dele, para assentar-se sobre ela; e Arão e Hur sustentaram as suas mãos, um de um lado e o outro do outro; assim ficaram as suas mãos firmes até que o sol se pôs. E assim Josué desfez a Amaleque e a seu povo, ao fio da espada.” Êxodos 17:8 a 13 (Destaque meu no verso 12)

O verso em destaque contém, na versão hebraica, a primeira referência clara do verbo “emunah”, CONFIAR. Nele, no verbo, estão registrados os atos de confiança:
a) de Moisés que obedeceu a ordem Divina;
b) de Josué, que seguiu suas ordens, e
c) do povo que confiava nele, Moisés, por ver que ele estava intercedendo por eles naquela batalha.
d) Além desses, Arão e Hur que viram a necessidade de socorrer Moisés na hora do cansaço, providenciando um assento e apoiando seus braços para que o povo continuasse vendo o ato de seu líder.

Mesmo que “emunah” – CONFIAR, tenha sido traduzida pelos primeiros teólogos como “apoiar”, essa tradução não carrega o profundo significado do verbo. “Emunah” não é apoiar , é confiar o que se faz, é: demostrar confiança tendo como base a experiência proveniente de conhecimento.

O verbo “emunah” carrega consigo a necessidade da experimentação, do conhecimento; ou seja: SÓ CONFIA, QUEM EXPERIMENTA; SÓ CONFIA QUEM CONHECE. É exatamente essa a afirmação do Apóstolo Paulo, quando estimula essa atitude aos seguidores do Messias em Roma:

“Portanto, pelo fato de sermos considerados justos diante de DEUS por causa de nossa confiança; continuamos a ter shalom com DEUS por meio de nosso senhor Jesus, o Messias. Também por meio dele, e com base em nossa confiança, obtivemos acesso à sua graça, na qual permanecemos; dessa forma, alegramo-nos com a esperança de experimentar a glória de DEUS. Mas não apenas isso: alegremo-nos também por nossas dificuldades, porque sabemos que as dificuldades produzem resistência, resistência produz caráter, e caráter produz esperança; e essa esperança não nos decepciona, porque o amor de DEUS por nós já foi derramado em nosso coração, pelo Ruach HaKodesh que nos foi outorgado.” Romanos 5:1 a 5 – Bíblia Judaica Completa.

O Apóstolo sabia do que falava.

Pena que o clero constantiniano acrescentou termos novos e mudou propositalmente muitos dos termos originais para fazer valer seus éditos, palavras gregas e latinas foram cunhadas na tentativa de santificar seu ato torpe de adulterar a Palavra. Dois dos mais comuns são os neologismos: “cristo”, originado no termo grego “cresto”, que significa “uma boa pessoa”, e “pisteus”, termo cunhado com a intenção de enraizar nas Sagradas Escrituras o nome da menina Fé, morta por seu antecessor no comando de Roma.

Tais afirmações podem ser estranhas para você, mas são verdades que modificaram totalmente minha forma de ler e observar o mover de DEUS na história.

Mas, caso você ainda esteja em dúvida quando agir com CONFIANÇA em DEUS a ter fé n’Ele, lhe proponho um teste.

Saiba que tudo que tem envolve os atos do SENHOR, é VERBO. Exemplo: ELE identifica-se a Moisés como “EU SOU ...” (verbo ser); o Messias é declarado por João como SENDO o Palavra (verbo ser); (...). Confiar é um verbo que pode ser conjugado em qualquer tempo, de qualquer modo, e por todos as pessoas. Agora, tente conjugar fé. Impossível. Fé não é conjugável por que não é verbo é nome próprio, identifica alguém e não um sentimento, uma atitude, um comportamento.

Por isso, dentre tantos outros fatores que não foram mencionados neste texto, que eu PREFIRO CONFIAR A TER FÉ.

“Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia.” (II Timóteo 1:12)

Boa reflexão.

Deus seja conosco.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

“NASCEMOS PARA MUDAR O MUNDO”

Imagem extraída da WEB

“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.” Evangelho de Mateus, 5:3 a 12

A maldade humana me agride, me incomoda, me fere, me angustia. Fico admirado como tanta gente gasta tempo assistindo filmes de terror, e/ou filmes que mostram a maldade humana com tanta naturalidade. O mal existe e não preciso de filmes ou documentários para saber disso – ele vive em mim.

Sofro com a desumanidade que causa tanta desgraça aos seres da terra; me incomoda a frieza dos políticos, que sequer pensam além de seus gabinetes e/ou casas luxuosas, quando roubam descaradamente recursos públicos destinados ao bem comum; me sinto agredido pelo cinismo dos religiosos criadores de fantasias e doutrinas humanas, que se aproveitam desse povo cansado de tanto engano e que busca em congregações religiosas um refrigério e só encontra mais engano, mais desassossego, mais frustração; me revolta o sentimento de impotência diante do quadro educacional brasileiro que fecha os olhos para a realidade de uma multidão de analfabetos funcionais e abraça as estatísticas ilusórias que “mostram”, sermos um País educado. Essas mentiras me agridem.

E nesses momentos em que me sinto agredido por tanta maldade externa, me percebo odiando meus agressores e me reconheço tão desumano quanto eles. É assim que sei do mal que vive em mim (...), da mesma forma que vive em qualquer outra pessoa.
(...)
Me agarro à Palavra quase que desesperadamente e permito que Ela me abrace e me sustente com a Bondade do Eterno. Procuro transformar toda essa inquietação em criatividade, em produção do bem, em vida. Por vezes não consigo, outras vezes consigo realizar algumas coisas produtivas para a humanidade que me cerca.

Um dia, conversando com Mamãe Ruth, expus à ela esses meus momentos de angustia e ela me disse calma e segura: “filho, eu também me sinto assim as vezes, mas nascemos para mudar o mundo e sem essa angustia não saberíamos o que mudar.”. Nunca esqueci, e quando me sinto assim, como hoje, incomodado com a desumanidade, eu lembro do dito da minha sábia Mãe: “nascemos para mudar o mundo.”

É isso.

Deus seja com todos nós.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

CADA UM ORE SOZINHO, EM SI MESMO.

Imagem da WEB.

O dilema do sofrimento humano tem levado muitas pessoas aos extremos. Umas revoltam-se contra DEUS por não aceitarem que ELE, sendo bom, permita que “coisas ruins aflijam pessoas boas” se posicionam-se num extremo de desilusão e de revolta; manifestam esses sentimentos entregando-se ao estado de degradação; muitas vezes violentos ou extremamente debochados, distanciam-se da Paz. Outras, pelo mesmo motivo, enterram-se em afazeres religiosos penitentes como se soubessem que a “coisa ruim” que lhes causa o sofrimento é merecida; passam a viver uma vida sôfrega e desgostosa, insípida, insignificante, (...), distanciam-se também da Paz.
(...)
A Paz está no meio do caminho, longe dos extremos, pois neles, estão as multidões de revoltados certinhos e de devotos erradinhos. A Paz é o ponto de equilíbrio entre esses sentimentos/comportamentos extremos. É o que nos ensina o Livro Eclesiastes (7:16 a 18).
(...)
JESUS, no capítulo 6 do Evangelho de Mateus, nos versos 5 a 7 diz que a prece, a reza, a oração, a conversa com o PAI deve ser solitária, quieta, sem alardes, sem plateia; uma prática “mano-a-mano” com DEUS; você e ELE somente. Mas qual o motivo?

Acho que a razão para o MESTRE ter aplicado esse ensinamento está intimamente relacionada com os Livros da VERDADE – EMeT – , Jó, Provérbios e Salmos (nessa ordem de leitura, como já expliquei em publicação anterior), mais precisamente relacionada com o Livro do Jó. O início da caminhada/leitura em busca da VERDADE.

“1 HAVIA um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal.
2 E nasceram-lhe sete filhos e três filhas.
3 E o seu gado era de sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; eram também muitíssimos os servos a seu serviço, de maneira que este homem era maior do que todos os do oriente.
4 E iam seus filhos à casa uns dos outros e faziam banquetes cada um por sua vez; e mandavam convidar as suas três irmãs a comerem e beberem com eles.
5 Sucedia, pois, que, decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó, e os santificava, e se levantava de madrugada, e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia Jó: Talvez pecaram meus filhos, e amaldiçoaram a Deus no seu coração. Assim fazia Jó continuamente.”
Jó 1:1 a 5

A firmeza sutil da afirmação encontrada nesse texto me assusta: JÓ NÃO PERMITIA QUE SEUS FILHOS PEDISSEM PERDÃO POR POSSÍVEIS PECADOS CONTRA O TODO PODEROSO. Ele fazia sacrifícios em lugar dos filhos, como se num ato de superproteção, JÓ ORAVA AO DEUS SUPREMO EM LUGAR DOS FILHOS.

Nos diálogos entre DEUS e Satan, esse fato fica aparentemente escondido dos olhos desatentos das teologias e religiões (...), mas, parece ser o centro da conversa entre PAI e filho (Jó 1:6). Outro fato que confunde e torna ignorante o entendimento sobre as tragédias ocorridas com Jó e seu sequente sofrimento é a falta de conhecimento do termo “justo” – Tzadik – , na afirmação DIVINA:

“Não há ninguém na terra é semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal.”,

Parece-me estar declarada a falha de Jó. Apesar de ser reconhecidamente um homem “integro porque temia a DEUS” e “reto por desviar-se do mal”, Jó não era justo. Não deixava as coisas seguirem seu curso natural.

Mas se Jó era um homem íntegro, temente a DEUS e reto, desviava-se do mal, porque sofreu tanto? A resposta é óbvia – aos que encontram a verdade: ELE COLOCOU-SE EM LUGAR DOS FILHOS. ELE OROU EM LUGAR DOS FILHOS, ELE SACRIFICOU EM LUGAR DOS FILHOS, ELE TORNOU-SE PECADOR EM LUGAR DOS FILHOS. Sofreu por não ter sido vocacionado para MESSIAS, sofreu tanto por não ter permitido que seus filhos pagassem pelos erros possivelmente cometidos (Jó 1:5). Ninguém, senão o ESCOLHIDO DE DEUS poderia ser o Salvador de outros semelhantes.

Me parece que essa teria sido a razão ou uma das razões, para que JESUS, milhares de anos depois de Jó ensinasse aos seus alunos que NINGUÉM DEVE ORAR EM LUGAR DE ALGUÉM, NEM EM LUGAR PÚBLICO. Não devemos porque não podemos, somos únicos, somos individuais, nosso coração é nosso, nossa alma é nossa, nosso espírito é nosso, simples assim. Não posso orar em lugar de quem quer que seja pois o PAI estará julgado a mim e não meus familiares, meus amigos, (...).

Minha oração é minha autenticação, minha impressão digital diante do DIVINO.

Mas história de Jó que se inicia com um erro: ORAR EM LUGAR DE..., termina com a orientação DIVINA para o acerto: ORAR POR... (Jó. 42:8). Assim devemos fazer, Orar pelas pessoas, nunca em lugar delas.

O sofrimento de Jó se encerra quando ele entende, em seu íntimo essa questão e diz ao TODO PODEROSO: “Agora meu testemunho está no céu; meu advogado está lá no alto.” (Jó 16:19). A afirmação de Jó é clara “MEU” testemunho, “MEU” advogado. Um individualismo grave e poderoso; agride os que estão as superficialidade da vida – não importando o tempo e a idade que possuam, envolvidos com a religião e/ou práticas religiosas.

Então não posso orar por meus filhos? Não posso interceder pelos enfermos? Não posso orar por ninguém? NÃO SÓ POSSO, COMO DEVO. Mas, orar “POR” e não “EM LUGAR DE”. Gostaria que você refletisse sobre isso.

Quando oramos “em lugar de”, estamos retirando a pessoa do alvo de nossa prece, estamos retirando da própria pessoa a responsabilidade de nutrir uma relação viva com o TODO PODEROSO; Quando ficamos “em lugar de” seria como se DEUS olhasse para ela através de nós. Isso está errado, não pode ser, somente JESUS tem esse poder de “servir de identidade” perante o PAI, só ele pode realizar esse papel, só JESUS pode “emprestar” sua “impressão digital” para que as “portas dos ouvidos” do PAI se abram para nós. Por isso, entramos na presença de DEUS “em nome de Jesus”; Ele é nosso “avalista”. Nossa relação com aqueles a quem amamos deve ser a de ensino, a de instrução, devemos deixar que construam seus relacionamentos com o DEUS SUPREMO sozinhos, mesmo que sofram, mesmo que chorem, mesmo que adoeçam, mesmo que percam (...), devemos pedir por eles mas nunca em lugar deles. Não sei se me faço entender...

Devemos orar em praça pública? Nunca! Devemos orar nas congregações em voz alta? Nunca! Devemos mostrar aos outros que oramos? Nunca! Isso, para que ninguém jogue sobre nós a própria responsabilidade de construir sua própria relacionamento com o PAI.

Devemos nos fechar, nos trancar, fugir das multidões, fugir das câmeras, rejeitar o exibicionismo, abandonar os ritos de popularidade e buscar ao SENHOR no silêncio da solidão. Uma solidão íntima, tranquila, quieta; indolor. Não dói, pois é o lugar onde DEUS está, o que dói é o sentimento; e se estiver doendo, chore sozinho diante DELE, para que sua relação com ELE se construa de forma sincera, honesta e inabalável, sem nenhuma interferência externa. Só você e seu DEUS, mano-a mano.

Estou aberto aos questionamentos, por meio dos “comentários”, no privado e por e-mail: pr.alexandrerocha@outlook.com.


Deus seja conosco.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

UM DELES É MEU ALUNO...



Ontem foi um daqueles dias nos quais me senti derrotado.
Ontem à tarde recebi a notícia que os marginais que depredaram e assaltaram a Escola Estadual Maria Ivone Leite, foram descobertos e capturados; para minha tristeza, três desses marginais são crianças, duas de 14 anos e uma de 12 anos. Mais triste fiquei quando me foi informado que um deles, de 14 anos, estudou na Escola ano passado e foi matriculado esse ano. Aparentemente, “um garoto gente boa”. Uma confusão de imagens e sentimentos me vieram a mente (...), foi ai que me senti um derrotado.

Hoje, me sinto derrotado por um sistema político corrupto e inoperante composto em sua maioria por pessoas despreparadas e desumanas que só pensam em se locupletar com o dinheiro fácil dos nossos impostos – o famoso e pouco entendido “dinheiro público”; um sistema que não funciona mais, e está desmoronando a cada dia exposto aos esguichos de um simples “lava jato”;

Me sinto derrotado pelo sistema social colapsado que precisa de “pulissa” para se manter controlado. Sem os “homens da lei” e suas ameaças a urbanidade desaparece completamente – vide as cidades do Espírito Santo. Praças de guerra, cenas de filmes apocalípticos (...);

Me sinto derrotado pelo sistema educacional despreparado, ignorante e idólatra – ADORA OS NÚMEROS ESTATISTÍCOS, EM SUA MAIORIA FABRICADOS –, um sistema que não possui uma rede de diagnóstico precoce de alunos com índole criminosa – teríamos mais controle com um diagnóstico psicossocial eficiente. Mas não há interesse político de contratar mais psicólogos e assistentes sociais competentes para atender uma demanda cada vez maior de crianças marginais e ou em processo de marginalização (será que sabem o que significa o termo “marginal”?); O sistema educacional brasileiro tem formado péssimos profissionais, muitos desses “professores” tão marginais quanto seus alunos – vide os muitos relatos sobre professores que estupram (mesmo que consensualmente) alunos: meninas e meninos; Nós, Professores, também precisariam passar por exames psicológicos semestrais – no mínimo – para que a integridade nossa, dos alunos e das instituições seja mantida a Escola se torne realmente um lugar de preparo para o futuro;
(...)
Me sinto derrotado pelos sistemas religiosos alienados e desumanizados por Mamon – o deus do dinheiro. É triste admitir isso pois além de professor também sou pastor, acredito na salvação da humanidade, creio no amor como remédio milagroso, vivo a esperança de poder curar milagrosamente a mim e aos meus com atitudes e gestos de amor; talvez esse fato esteja me causando maior dor pois não vejo por perto nenhuma congregação da Grande Igreja de Jesus fazer trabalhos de apoio às escolas no tocante aos “alunos problema”, estão encastelados em seus templos, protegidos do fedor das gentes, tranquilamente acomodados em seus lugares – cativos – refrescando-se na potente central de ar-condicionado, (...);

Me sinto derrotado pelo sistema familiar fracassado que ainda tenta, de forma agoniada, se impor como o único modelo correto: pai, mãe e filhos. Esse modelo não existe mais! Mais da metade dos alunos da rede pública são filhos só de mãe, não conhecem seu genitor, ou foram paridos e dados para a vó, ou para a tia, ou para outra pessoa que os cria e trata como “filhos”, e que nos momentos de raiva, lançam no rosto desse, seu abandono; outro fato que é jogado pra baixo do tapete social é a violência sexual que nossas crianças sofrem dentro e fora casa. São meninas e meninos violentados sexualmente por seus genitores e/ou parentes (...), NÃO HÁ COMO UMA CRIANÇA VIOLENTADA SEXUALMENTE APRENDER MATEMÁTICA, PORTUGUÊS, HISTÓRIA, GEOGRAFIA (...), SABENDO QUE EM CASA HÁ UM TARADO DE PAU DURO LHE ESPERANDO. Não é ofensivo o que escrevo, é a verdade. E NÃO HÁ QUEM PROTEJA ESSAS CRIANÇAS! O sistema familiar tradicional não existe mais e isso precisa ser entendido. Os sistemas sociais, religiosos, educacionais e governamentais precisam sentar, conversar e achar uma solução para tratar o assunto sem exacerbações de qualquer dos lados.

Me sinto derrotado por minhas limitações, que são muitas. Poderia me acalmar com a justificativa que no ano passado dei aula para quase 1.000 alunos por semana e não havia, humanamente falando, a menor possibilidade de eu diagnosticar alguma personalidade marginal em meus alunos, mesmo buscando atentamente e empregando todo o conhecimento que “ser pastor” e o “mundo espiritual” me proporcionam; poderia me acalmar com esse fato, mas não posso. Não faz parte da minha índole “me entregar de mão beijada” para as situações adversas da vida. Creio que 90% das crianças da Rede pública podem ser salvas com mais atenção, mais amor e acima de tudo uma política educacional eficiente. Mas há os 10% (ou mais) que nunca serão alcançados por esse amor, por essa atenção, por esse bem; são crianças totalmente destruídas pelo vício em drogas – pasmem, pelas influências marginais existentes dentro do ambiente onde moram (...) e nas redondezas. Essas, INFELIZMENTE, precisam ser descartadas para que eu possa dar atenção aos que se querem salvar. É duro, mas é verdade, não sofro da síndrome de messias. NÃO QUERO SALVAR A TODOS, QUERO SALVAR AQUELES QUE QUEREM SER SALVOS. E por mais que isso me corte a alma e me perturbe o espírito. É assim que é, simples assim.
(...)
Não pense você que sou um ser humano perfeito (feito por completo); não sou. Acho que estou muito distante da perfeição predita nos Livros Sagrados e em especial na BÍBLIA. Sou impaciente, as vezes intolerante, outras vezes até irascível (...); não me engano. Sei exatamente quem e como sou. Mas nessa caminhada de vida a Misericórdia do Deus Supremo tem feito seu trabalho e muitas “falhas de sistema”, em mim, têm sido resolvidas, algumas que ainda não foram parecem estar sob controle, outras nem tanto, mas a vida segue e eu sigo com ela buscando diariamente melhorar minha existência como ser humano e salvar aqueles que comigo caminham seu caminho.
(...)
Oro para que mais pessoas se desassosseguem, se incomodem, e juntos possamos criar uma solução para o problema da marginalidade infantil aqui em Itacoatiara. É possível, isso já acontece em muitos interiores do Brasil, onde os professores resolveram “sair da caixa” e mandaram os sistemas educacional, religioso e político pra “tonga da mironga do caburetê”, fizeram a mudança acontecer.
Não acreditas!? Use a internet para o bem, deixe de assistir as novelas emburrecentes da Globo e seus BBBs idiotizantes, vá procurar solução para esse problema ele também é seu – ou será.
(...)
Que o SENHOR de MISERICÓRDIA atue no coração das mães, pais e familiares verdadeira enlutados por terem seus filhinhos presos por já serem assaltantes, por verem seus queridos – espero que realmente sejam – estarem à margem da sociedade, sendo marginais.


DEUS SEJA COM TODOS NÓS!