"Sempre fomos livres nas profundezas de nosso coração, totalmente livres, homens e mulheres.
Fomos escravos no mundo externo, mas homens e mulheres livres em nossa alma e espírito."
Maharal de Praga (1525-1609)

domingo, 19 de fevereiro de 2017

CADA UM ORE SOZINHO, EM SI MESMO.

Imagem da WEB.

O dilema do sofrimento humano tem levado muitas pessoas aos extremos. Umas revoltam-se contra DEUS por não aceitarem que ELE, sendo bom, permita que “coisas ruins aflijam pessoas boas” se posicionam-se num extremo de desilusão e de revolta; manifestam esses sentimentos entregando-se ao estado de degradação; muitas vezes violentos ou extremamente debochados, distanciam-se da Paz. Outras, pelo mesmo motivo, enterram-se em afazeres religiosos penitentes como se soubessem que a “coisa ruim” que lhes causa o sofrimento é merecida; passam a viver uma vida sôfrega e desgostosa, insípida, insignificante, (...), distanciam-se também da Paz.
(...)
A Paz está no meio do caminho, longe dos extremos, pois neles, estão as multidões de revoltados certinhos e de devotos erradinhos. A Paz é o ponto de equilíbrio entre esses sentimentos/comportamentos extremos. É o que nos ensina o Livro Eclesiastes (7:16 a 18).
(...)
JESUS, no capítulo 6 do Evangelho de Mateus, nos versos 5 a 7 diz que a prece, a reza, a oração, a conversa com o PAI deve ser solitária, quieta, sem alardes, sem plateia; uma prática “mano-a-mano” com DEUS; você e ELE somente. Mas qual o motivo?

Acho que a razão para o MESTRE ter aplicado esse ensinamento está intimamente relacionada com os Livros da VERDADE – EMeT – , Jó, Provérbios e Salmos (nessa ordem de leitura, como já expliquei em publicação anterior), mais precisamente relacionada com o Livro do Jó. O início da caminhada/leitura em busca da VERDADE.

“1 HAVIA um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal.
2 E nasceram-lhe sete filhos e três filhas.
3 E o seu gado era de sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; eram também muitíssimos os servos a seu serviço, de maneira que este homem era maior do que todos os do oriente.
4 E iam seus filhos à casa uns dos outros e faziam banquetes cada um por sua vez; e mandavam convidar as suas três irmãs a comerem e beberem com eles.
5 Sucedia, pois, que, decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó, e os santificava, e se levantava de madrugada, e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia Jó: Talvez pecaram meus filhos, e amaldiçoaram a Deus no seu coração. Assim fazia Jó continuamente.”
Jó 1:1 a 5

A firmeza sutil da afirmação encontrada nesse texto me assusta: JÓ NÃO PERMITIA QUE SEUS FILHOS PEDISSEM PERDÃO POR POSSÍVEIS PECADOS CONTRA O TODO PODEROSO. Ele fazia sacrifícios em lugar dos filhos, como se num ato de superproteção, JÓ ORAVA AO DEUS SUPREMO EM LUGAR DOS FILHOS.

Nos diálogos entre DEUS e Satan, esse fato fica aparentemente escondido dos olhos desatentos das teologias e religiões (...), mas, parece ser o centro da conversa entre PAI e filho (Jó 1:6). Outro fato que confunde e torna ignorante o entendimento sobre as tragédias ocorridas com Jó e seu sequente sofrimento é a falta de conhecimento do termo “justo” – Tzadik – , na afirmação DIVINA:

“Não há ninguém na terra é semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal.”,

Parece-me estar declarada a falha de Jó. Apesar de ser reconhecidamente um homem “integro porque temia a DEUS” e “reto por desviar-se do mal”, Jó não era justo. Não deixava as coisas seguirem seu curso natural.

Mas se Jó era um homem íntegro, temente a DEUS e reto, desviava-se do mal, porque sofreu tanto? A resposta é óbvia – aos que encontram a verdade: ELE COLOCOU-SE EM LUGAR DOS FILHOS. ELE OROU EM LUGAR DOS FILHOS, ELE SACRIFICOU EM LUGAR DOS FILHOS, ELE TORNOU-SE PECADOR EM LUGAR DOS FILHOS. Sofreu por não ter sido vocacionado para MESSIAS, sofreu tanto por não ter permitido que seus filhos pagassem pelos erros possivelmente cometidos (Jó 1:5). Ninguém, senão o ESCOLHIDO DE DEUS poderia ser o Salvador de outros semelhantes.

Me parece que essa teria sido a razão ou uma das razões, para que JESUS, milhares de anos depois de Jó ensinasse aos seus alunos que NINGUÉM DEVE ORAR EM LUGAR DE ALGUÉM, NEM EM LUGAR PÚBLICO. Não devemos porque não podemos, somos únicos, somos individuais, nosso coração é nosso, nossa alma é nossa, nosso espírito é nosso, simples assim. Não posso orar em lugar de quem quer que seja pois o PAI estará julgado a mim e não meus familiares, meus amigos, (...).

Minha oração é minha autenticação, minha impressão digital diante do DIVINO.

Mas história de Jó que se inicia com um erro: ORAR EM LUGAR DE..., termina com a orientação DIVINA para o acerto: ORAR POR... (Jó. 42:8). Assim devemos fazer, Orar pelas pessoas, nunca em lugar delas.

O sofrimento de Jó se encerra quando ele entende, em seu íntimo essa questão e diz ao TODO PODEROSO: “Agora meu testemunho está no céu; meu advogado está lá no alto.” (Jó 16:19). A afirmação de Jó é clara “MEU” testemunho, “MEU” advogado. Um individualismo grave e poderoso; agride os que estão as superficialidade da vida – não importando o tempo e a idade que possuam, envolvidos com a religião e/ou práticas religiosas.

Então não posso orar por meus filhos? Não posso interceder pelos enfermos? Não posso orar por ninguém? NÃO SÓ POSSO, COMO DEVO. Mas, orar “POR” e não “EM LUGAR DE”. Gostaria que você refletisse sobre isso.

Quando oramos “em lugar de”, estamos retirando a pessoa do alvo de nossa prece, estamos retirando da própria pessoa a responsabilidade de nutrir uma relação viva com o TODO PODEROSO; Quando ficamos “em lugar de” seria como se DEUS olhasse para ela através de nós. Isso está errado, não pode ser, somente JESUS tem esse poder de “servir de identidade” perante o PAI, só ele pode realizar esse papel, só JESUS pode “emprestar” sua “impressão digital” para que as “portas dos ouvidos” do PAI se abram para nós. Por isso, entramos na presença de DEUS “em nome de Jesus”; Ele é nosso “avalista”. Nossa relação com aqueles a quem amamos deve ser a de ensino, a de instrução, devemos deixar que construam seus relacionamentos com o DEUS SUPREMO sozinhos, mesmo que sofram, mesmo que chorem, mesmo que adoeçam, mesmo que percam (...), devemos pedir por eles mas nunca em lugar deles. Não sei se me faço entender...

Devemos orar em praça pública? Nunca! Devemos orar nas congregações em voz alta? Nunca! Devemos mostrar aos outros que oramos? Nunca! Isso, para que ninguém jogue sobre nós a própria responsabilidade de construir sua própria relacionamento com o PAI.

Devemos nos fechar, nos trancar, fugir das multidões, fugir das câmeras, rejeitar o exibicionismo, abandonar os ritos de popularidade e buscar ao SENHOR no silêncio da solidão. Uma solidão íntima, tranquila, quieta; indolor. Não dói, pois é o lugar onde DEUS está, o que dói é o sentimento; e se estiver doendo, chore sozinho diante DELE, para que sua relação com ELE se construa de forma sincera, honesta e inabalável, sem nenhuma interferência externa. Só você e seu DEUS, mano-a mano.

Estou aberto aos questionamentos, por meio dos “comentários”, no privado e por e-mail: pr.alexandrerocha@outlook.com.


Deus seja conosco.

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