O ensino de Jesus parece chegar
ao ápice, concentrado em alguns poucos registros dessa profundidade de ensino,
no livro de Marcos. No momento anterior, Jesus repreende ao discípulo puro de
coração, porque seus sentimentos de preservação, estavam agindo como um “atrapalhador”
um Satã. Os sentimentos de preservação de Pedro estavam atrapalhando a ele,
Pedro, de entender que para Jesus ser quem era, O Messias, ele, Jesus,
precisava PASSAR pela morte. E passar pela morte é exatamente isso, passar por
ela, atravessá-la, mergulhar nela e boiar do outro lado, sair dela deixando-a
para trás. Não podemos viver se não deixarmos a morte para trás. Esse foi o
ensino repreendedor de Jesus ao aluno franco, impetuoso e de coração puro.
Mas antagonicamente, a esse
“passar pela morte”, deixando-a para trás, chama o coletivo que o seguia, chama
a multidão para perto de si, e diz aparentemente o contrário. É sobre isso que
quero tratar com você hoje. Vamos ao texto.
“A seguir, Jesus
chamou para junto de si a multidão e os alunos e lhes disse:
‘Se alguém
quiser me acompanhar, deverá dizer não a si mesmo, pegar sua estaca de execução
e me seguir. Quem desejar salvar a própria vida a destruirá, mas quem a
destruir por minha causa e por causa das boas-novas a salvará. De fato, que
benefício obterá alguém em ganhar o mundo todo, esquecendo-se, porém, da
própria vida? O que uma pessoa daria em troca de sua vida? Se alguém se
envergonhar de mim e do que digo nesta geração adúltera e pecaminosa, o Filho
do Homem também se envergonhará dessa pessoa quando vier na glória do Pai com
os santos anjos’.”
Marcos 8:34 a
38
Dois momentos distintos, porém
similares, se mostram antagônicos no texto de Marcos. Primeiro, nos versos 27 a
33, Jesus diz claramente que para é viver é necessário morrer,
agora ele diz que para ficar vivo devemos levar a morte conosco. Que
coisa.
No primeiro momento Jesus está em
particular com Pedro, tendo os outros alunos mais afastados, porém por perto;
nesse momento todos os alunos que possivelmente tenham ouvido e comungado do
cuidado daquele aluno para com seu mestre, foram repreendidos em Pedro. O
sentimento de amor por Jesus não poderia inviabilizar o destino de Jesus. O
cuidado com o ente amado não poderia impedi-lo de chegar à morte. No segundo
momento, Jesus sai do “quartinho” onde estava com Pedro e o “mata”
diante de uma multidão. Suas palavras são fulminantes para todos os que desejam
ser salvos, ser santos, ser amados pelo Pai ETERNO. As palavras de Jesus
carregam uma verdade quase que assassina, a verdade fatal:
PARA
VIVERMOS PARA SEMPRE, PRECISAMOS CARREGAR A MORTE CONOSCO.
Carregar a morte, ou o que nos
mata, não significa morrer, mas saber que muitas coisas que carregamos em nossa
vida deverão morrer para dar lugar ao “que nos mata”. Essa foi a
sentença dos alunos de Jesus. Quem desejasse viver uma vida de “paz e amor”
deveria aceitar a execução divina:
VIVER
CARREGANDO A PRÓPRIA MORTE;
Gosto muito de traduções e
interpretações livres, gosto de tudo que é desteologizado. Esse texto em
especial, carrega um significado estupendo para mim. “Carregar o que me
mata”.
Jesus diz para todos que desejam
segui-lo, seguir após ele, serem iguais a ele, serem sucessores dele, que não
há outra forma de fazermos isso, a não ser carregando o que nos mata. “Tomar
a cruz”, não é beber a morte como se fosse uma porção mágica, ou um
antídoto para a eterna juventude ou para a vida eterna, “tomar a cruz” é
carregar a morte no tuntum; é fazer dela utensílio indispensável nessa viagem
de vida. Eu disse “viagem DE vida” e não “viagem DA
vida”.
A preposição “DA”
carrega e si, a estagnação, a finalização, a possibilidade, que parece ter sido
pinçada por pessoas que em sua simplicidade e até honestidade no trato das
coisas espirituais, se perderam no mergulho desses mistérios. Essas passaram a
acreditar que a “viagem DA vida” é a morte. Mas a morte não é boa
e então essas pessoas simples, para acalmarem a dor de suas impossibilidades,
de seus fracassos – normalmente amorosos – NA vida, passaram a crer que
teriam uma “segunda chance” de viver para amarem o que lhes era eterno. Assim
surge – em uma explicação simplória – a doutrina da reencarnação, que é
tratada por Jesus no capítulo oito de Marcos, quando ele pergunta aos seus
alunos “quem dizem que eu sou” (...). QUANDO A MORTE SE
TORNA A VIAGEM DA VIDA TUDO NELA, NA VIDA, É MORTE. TUDO VIRA SOFRIMENTO, OS
MOMENTOS MAIS FELIZES VIRAM PUNIÇÃO, PORQUE ALGUMA IMPOSSIBILIDADE, QUE ÀS
VEZES É COMPLETAMENTE TRANSPONÍVEL, VIRA CARMA REENCARNATÓRIO. Aí esse ser
sofrido, esse “morto vivo”, diz para si mesmo diante do espelho: “nessa
vida não deu, mas na outra eu consigo...”. Que tolice. Com todo o respeito
que devo a todos que creem diferente de mim. ISSO É TOLICE. VOCÊ NÃO TERÁ E
NUNCA TEVE OUTRA VIDA PARA VIVER O QUE VIVE AGORA!!!!
A Bíblia diz de forma clara em
Hebreus capítulo 9, verso 27: “...AOS SERES HUMANOS ESTÁ ORDENADO
MORREREM UMA VEZ, VINDO DEPOIS DISSO, O JUÍZO...”. Mais claro que isso,
impossível.
Se você acredita que as
impossibilidades da sua vida, derivam-se de “uma outra” existência
passada e que em uma futura existência, você conseguirá realizar tudo que não
conseguiu, me responda: POR QUE VOCÊ NÃO LEMBRA DE “ONDE ERROU” PARA PODER “NÃO
ERRAR DE NOVO”? Estranha essa amnésia existencial.
Trazer a morte na “viagem DA
vida”, é perder a vida por medo de viver. (...)
Porém, nosso entendimento, a meu
ver, deve ser de que a morte faz parte da “viagem DE vida”.
A preposição “DE” carrega em si, a eternalidade, a infinitude,
o imenso leque de possibilidades que a VIDA nos apresenta para VIVERMOS bem e
felizes. Simples assim!
Quando carregamos a morte
em nossa viagem DE vida, podemos usá-la para “matar” tudo
que nos atrapalha de chegar ao objetivo de nossas vidas. Carregando a morte
como utensílio NA vida, ela passa a ser nossa amiga na caminhada
para a felicidade. Simples assim.
Lembre-se, se só temos uma vida,
não vivê-la de forma proveitosa nos porá diante do ETERNO, senhor de toda vida,
para prestarmos conta das vezes que morremos em vida, quando deveríamos ter
encarado a “dor do parto” para vivermos felizes para sempre, até que a
morte, de fato, chegue.
Carregar o que nos mata para
cumprir o destino traçado pelo ETERNO é saber que nessa caminhada DE
vida, rumo à VIDA ETERNA, teremos dores, aflições, tristezas profundas (...)
mas tudo isso, com o gosto adocicado de viver a vida como ela deve ser vivida.
Quando carregamos o que nos mata, matamos o que nos maltrata, a morte que
carregamos serve de proteção contra as mortes que tentam nos matar. Quando
carregamos nossa “própria morte” matamos a possibilidade de que a “morte
dos outros” nos mate. Quando carregamos o que nos mata e depositamos “isso
tudo” aos PÉS DO SENHOR! – só aos pés d’ELE, bendito seja ELE, tudo se
resolve com o mínimo de dor, de angústia, de sofrimento. Não com a ausência
deles, mas com a dose exata que podemos suportar.
O que você daria em troca de sua
vida? Ela própria? Como você vai viver se não tem mais vida?
Foi por isso que Jesus morreu,
para que tivéssemos a possibilidade de VIVER nossa vida de forma abundante,
carregando tudo que nos mata, n’Ele.
Deixo você neste domingo, 3 de
agosto de 2014, com a dura e doce afirmação de Jesus:
“Se alguém
se envergonhar de mim e do que digo nesta geração adúltera e pecaminosa, o
Filho do Homem também se envergonhará dessa pessoa quando vier na glória do Pai
com os santos anjos’.”
Pense nisso.
Com todo amor e reverência diante
do ETERNO, meu Deus; bendito seja Ele.
Uma ótima semana para você.